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Enviada em: 03/11/2017

Desde as Grandes Navegações, ocorridas no século XIV, o encontro entre diferentes culturas gerou um crescente processo de imposição cultural e consequente preconceito linguístico. Exemplo disso são os diversos países americanos que utilizam como idioma oficial um dialeto europeu. No entanto, ainda na atualidade, perduram valores etnocêntricos e elitistas no aspectos da expressão. Isso ocorre principalmente devido a fatores como a desigualdade social, a normatização da língua com a gramatica normativa, além da aparente desassociação entre linguagem e cultura.       Nesse Contexto, o julgamento depreciativo contra variedades linguísticas consiste na perpetuação de discriminações em um cenário marcado pela desigualdade social. Em um país onde somente os mais ricos tem acesso à educação de qualidade, o domínio da língua culta funciona como um método de ostentação e diferenciação entre as classes sociais.        Ademais, as próprias escolas, muitas vezes, reforçam esse fenômeno. Assim como afirmado por Karl Marx, as instituições de ensino são parte da superestrutura capitalista que tem como objetivo a perpetuação das desigualdades. Nesse sentido, ao pregar que a gramatica normativa deve abarcar toda o idioma, a escola hierarquiza a expressão, aumentando a desigualdade.       Finalmente, a aparente desvinculação entre  cultura e linguagem é a responsável pela  perpetuação da discriminação e extinção continua da expressão de povos negligenciados. Exemplo disso é a pequena fração de línguas indígenas que ainda perduram. Isso ocorre devido a desvalorização dessas culturas, através de pensamentos como os defendidos pelo sociólogo Edward Tylor, apoiador do Evolucionismo Cultural, que prega a existência de povos mais ou menos evoluídos.       Desse modo, é necessário que os próprios falantes de uma língua reconheçam a importância da diversidade linguística, através de uma maior leitura e ampliação dos pontos de vista. Além disso, é vital uma reforma em que o Ministério da educação promova reformas sobre o ensino de Língua Portuguesa no país, não deixando de ensinar a gramatica normativa, mas pregando a relevância de se respeitar as variedades regionais e socioculturais. Além disso, é preciso que órgãos como o Ministério da Cultura promovam ações que permitam a manutenção e o resgate dos dialetos brasileiros extintos, reconhecendo o valor desses para a formação de uma identidade nacional.