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Enviada em: 05/02/2018

Linguagem é meio de contato e interação social. Ela representa comunicação, cultura e história de um povo. Considerando as inúmeras variações a que um idioma é submetido no decorrer do tempo, em diferentes regiões e classes sociais, o ideal é que as diversas modalidades e formas de utilização da língua sejam amplamente difundidas. Essa difusão, contudo, encontra uma forte barreira: o preconceito linguístico em voga no nosso país. Sobretudo em relação às classes média e baixa, bem como às regiões do interior do Brasil, a utilização de dialetos externos à norma culta é frequentemente associada à ignorância e incapacidade intelectual. O autor Ariano Suassuna, por exemplo, valeu-se do dialeto próprio do sertanejo em suas peças, com o fim de propagar alguns aspectos da cultura nordestina. Dessa maneira, através da língua, ele circunda diferentes meios sociais, o que faz da sua obra tão rica e acessível. Este exemplo demonstra um grave dano acarretado pelo preconceito linguístico: a desvalorização cultural. Que grande perda para a literatura brasileira se escritores como Suassuna se ativessem apenas à norma culta! Para evitar tamanho prejuízo, é necessário que todos tenham acesso às ferramentas necessárias para comunicar-se em todos os âmbitos, de modo a poder optar pela modalidade da língua que melhor convier. Isso será possível se, por determinação do Ministério da Educação, as escolas inserirem os estudos da sociolinguística como disciplina obrigatória em seus calendários letivos, além de proporcionar aos alunos e à comunidade na qual se localizem espaços apropriados para debates sobre questões sociais.