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Enviada em: 19/03/2018

O Brasil, desde sua fundação, está longe de ser uma nação pacifista. Na verdade, tem sido um país marcado pela violência, ódio, intolerância e preconceitos de toda espécie, como defende o historiador Leandro Karnal, na obra "Todos Contra Todos: o ódio nosso de cada dia". Infelizmente, mulheres, homossexuais, nordestinos, pobres, negros e religiosos têm sido vítimas desses atos. Nos últimos tempos, outro tipo de preconceito, o linguístico, propaga-se na sociedade. Este preconceito refere-se ao ato de julgar alguém depreciativamente por conta do modo de falar e escrever. Isso ocorre porque acredita-se que há unidade na língua falada pela população brasileira,  o que significa desconsiderar sua heterogeneidade.     Sob esse viés, convém ressaltar que o preconceito linguístico nasce na escola, no ensino tradicional da língua, que enfatiza a gramática normativa, que diz o que é "certo" e o que é "errado". Desse modo, os estudantes e falantes da língua crescem achando que há o monolinguismo, que, por assim dizer, é ratificado por alguns programas humorísticos de televisão e rádio, que caçoam daqueles que não falam dentro da norma padrão.    No entanto, a homogeneidade da língua é uma utopia, visto que ela é viva e, por isso, apresenta variações em todos os seus níveis de uso social. Em razão disso, existem diversos tipos de linguagens que podem ser empregadas na comunicação, as quais estão relacionadas à faixa etária, à região geográfica, à posição socieconômica, ao grupo de trabalho etc. Aliás, se o Brasil é um pais com dimensões continentais, marcado pelas desigualdades sociais, como pode, então, haver unidade na língua?      Diante do exposto, cabe, portanto, às instituições de ensino desmitificar o conceito equivocado de que há homogeneidade na linguagem brasileira, dando ênfase ao ensino sobre a variedade linguística do país, a fim de minorizar o preconceito. Ademais, é necessário que o Estado empreenda Parcerias Público-Privadas, objetivando a divulgação e valorização das variedades linguísticas sem prestígio social, a fim de conscientizar a população do preconceito. Dessa maneira, teremos um país menos odioso.