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Enviada em: 20/07/2018

Solidariedade sem gênero   Se Mário de Andrade, Andy Warhol e Marco Nanini fossem doar sangue em um hemocentro brasileiro, eles seriam barrados pelo mesmo motivo: manter relações sexuais com homens. Nesse ínterim, é perceptível que os homossexuais enfrentam preconceito até mesmo nesse ato de grande relevância social. Assim, apesar do artigo 5º da Carta Magna do Estado garantir que todos os cidadãos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, isso não é presenciado no cotidiano de muitos brasileiros do século XXI. Nesse sentido, convém abordar algumas causas que conduziram o Brasil a esse cenário de discriminação.   Em uma primeira instância, é de fundamental importância analisar os fatos históricos. Por volta dos anos 1980, um jovem chegou a um hospital nos Estados Unidos com sintomas de doenças comuns entre os idosos. Pouco tempo depois, outro rapaz apareceu com manifestações semelhantes. Por coincidência, ambos eram gays. A partir daí disseminou-se a ideia de que os homossexuais têm aids. Só que anos depois constatou-se um heterossexual com o vírus HIV. Hoje, é sabido que não é a orientação sexual que define se a pessoa tem a doença, e sim os comportamentos dela. É visto que no clipe do Pablo Vittar há apologia ao uso de camisinha. Logo, se um casal monogâmico usa camisinha, não há o que temer.   Além desse primeiro aspecto, vale ressaltar os dizeres da Medicina com o intuito de desmistificar certos equívocos. É indubitável que há a chamada janela imunológica. Em outras palavras, se um doador não é honesto na entrevista e diz que não teve relações sexuais com pessoas desconhecidas nos últimos dias e, na verdade, teve, o teste pode dar negativo para DST, só que o sangue pode estar contaminado. É certo que, eventualmente, isso é possível. Entretanto, essa desonestidade pode vir de qualquer pessoa, independente da sua escolha de acasalamento. O pior é saber que menos de 2% da população brasileira é doadora e que o país desperdiça cerca de 18 milhões de litros de sangue ao ano por preconceito, consoante dados extraídos da revista '' Super interessante ".   A questão da discriminação sofrida pela comunidade LGBT na doação de sangue, em suma, é emergencial. Em face disso, as mídias de televisão devem mostrar essa ação solidária nas novelas para que os telespectadores vejam e comecem a concordar. Os agentes de saúde, por sua vez, devem visualizar a ficha jurídica de cada doador e analisar se a pessoa mantêm uma união estável, a fim de que haja menores riscos de obter sangue contaminado. Desse modo, cumprir-se-á a cláusula pétrea de que todos têm direito à igualdade.