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Enviada em: 11/08/2018

As atrocidades cometidas pelo regime nazista contra os judeus apavoram o imaginário social até os dias de hoje. Entretanto, outros grupos – que também foram perseguidos – permanecem com o estigma do preconceito e da ignorância. É o caso dos homossexuais, que chegam a ser privados de salvar vidas, seja por motivações históricas, seja por argumentações científicas.   É notório que a intolerância histórica frente a um problema outrora desconhecido produza efeitos no presente. Nesse sentido, o vírus do HIV, que ganhou repercussão internacional na década de 80, fora inicialmente atribuído aos homossexuais. A título de exemplo, percebe-se que profissionais de saúde, assim como a mídia da época, apelidaram a nova doença de "peste gay". Portanto, médicos e enfermeiros, além de parte da população, se indispõem a receber ou realizar transfusão de sangue de grupos que consideram supostamente contaminados.   Além disso, a literatura científica trata o tema de forma limitada. Embora a concentração da epidemia se verifique de forma mais acentuada em grupos de risco ( cerca de 18% em indivíduos homoafetivos, de acordo com o Ministério da Saúde), não é justo atribuir-lhes de forma generalizada o título de portadores da doença. Desse modo, é indubitável que indivíduos saudáveis, após aprovados nos exames médicos, tenham garantido o direito de doar sangue, uma vez que, comprovadamente com dados estatísticos, constituem a grande maioria.   Com base nisso, faz-se imprescindível que o Estado, através do Sistema Único de Saúde, crie ouvidorias regionais em postos de saúde para denunciar práticas discriminatórias. Ademais, palestras comunitárias com representação de profissionais de saúde e setores da sociedade civil devem ser realizadas periodicamente em centros de vacinação, com o intuito de orientar a população sobre a convivência e respeito com grupos de risco. Talvez assim possamos entender o célebre pensamento de Confúcio: Não corrigir nossas falhas é o mesmo que cometer novos erros.