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Enviada em: 09/08/2018

Baseando-se no princípio constitucional da igualdade, grupos ativistas LGBT tem buscado, cada vez mais, discutir pontos da estruturação e das normatizações sociais conflitantes com seus ideais, revelando possíveis preconceitos em relação a estes grupos. Sob este aspecto, foi trazido para discussão a hipótese de que a inaptidão temporária de homossexuais para doação de sangue, seja decorrente de pré julgamentos sobre a relação entre homossexualidade e doenças sexualmente transmissíveis. Para tanto, o conhecimento sobre questões epidemiológicas e técnicas relativas à doação de sangue, revelam que a real motivação  dessa restrição está muito além de um possível preconceito.       Partindo do pressuposto de que o principal interessado na doação de sangue é o receptor,  e que a principal função da triagem social é a diminuição do risco destes pacientes receberem transfusões de sangue contaminado, pode-se dizer que essa inaptidão temporária é válida. Ela é específica para os casos em que homens mantiveram relações sexuais com outros homens, o que se justifica no fato de dados epidemiológicos resultantes de pesquisas realizadas com apoio do Ministério da Saúde revelarem um aumento dos casos de HIV entre estes, fazendo com que sejam incluídos em um grupo de risco para transmissão do vírus. Ao fazer essa restrição, está se tentando diminuir o risco de se obter sangue contaminado.       Outro ponto a ser considerado a fim de que seja mudada essa visão de preconceito sobre este impedimento, é o fato de que exames laboratoriais, realizados com o sangue coletado daqueles indivíduos aprovados na entrevista social, podem não detectar contaminação, se estas coletas tiverem sido realizadas em um período chamado de janela sorológica, o qual é o período compreendido entre o momento que o indivíduo é infectado e o período que a doença é detectada nos exames. Pois os exames, a maioria, se baseiam na detecção de anticorpos, os quais demoram alguns dias para serem produzidos  pelo organismo.        Levando-se em consideração estas questões técnicas sobre a doação de sangue, observa-se que primeiramente, para minimizar a idéia de preconceito, o governo deve realizar mais estudos epidemiológicos com o grupo sob o qual vigora o impedimento temporário e fazer a divulgação desses resultados com a finalidade de levar ao maior número de pessoas o conhecimento adquirido com estes estudos. Deve-se também mobilizar os profissionais da saúde para que estes realizem a socialização dos conhecimentos a cerca da doação de sangue além de utilizar a mídia para propagação   destes conhecimentos e assim diminuir ou até acabar essa idéia errônea de preconceito.