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Enviada em: 26/07/2018

Descriminação da discriminação      A evolução do comportamento social quanto a diversos grupos antes marginalizados se faz notória no atual milênio. Apesar disso, há um histórico extenso de segregação com relação as minorias no geral. Um grupo que tem seu sofrimento perpetuado até os dias de hoje é o denominado LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais), que engloba todas as diferenças de gênero como de orientação sexual. Além das constantes ofensas disfarçadas de opiniões pessoais, esse grupo ainda sofre com preconceitos ocultos dispostos em códigos que regem a sociedade brasileira. A questão da proibição a doação de sangue por indivíduos que tiveram relações sexuais com pessoas do mesmo sexo é resquício da nossa sociedade intolerante.      A lei brasileira não deixa explícita a proibição da doação por esses grupos, já que caracterizaria discriminação oriunda das maiores instâncias e poderia ir de encontro com a constituição. Apesar disso, o texto é claro. É negada a participação à pessoas que tiveram relações sexuais com indivíduos do mesmo sexo. O preconceito que rege essa legislação possivelmente teve início nos anos 80, quando foi confirmado o primeiro caso de HIV no Brasil. Desde aquela época até hoje, algumas pessoas acreditam que seja uma doença de homossexuais, sendo chamada até de "câncer gay".      O receio da organização de saúde é o possível contagio do HIV através de uma transfusão de sangue, o que é totalmente válido. O problema é que existe uma clara segregação e exclusão de pessoas dispostas a ajudar o próximo só por sua orientação sexual, sem nem ao menos confirmar a presença do vírus nesses indivíduos. Há uma crença que rodeia o público no geral e faz acreditar que os homossexuais são promíscuos e descuidados. Não há diferença entre um homem que mantém uma relação monogâmica com outro homem e o homem que tem o mesmo tipo de relação só que com uma mulher, mas a triagem barra esse primeiro indivíduo, mesmo tendo declarado o uso consciente de preservativo.       Apesar desse retrocesso se fazer presente no século XXI, mudar não é impossível. Há várias maneiras de reverter esse preconceito, como políticas públicas de saúde populacional, com  instruções e exames periódicos que facilitariam a detecção e prevenção dos casos de HIV. Além disso, os órgãos responsáveis poderiam elaborar uma mudança no texto da lei, deixando como requisito um exame pré-doação que promovesse a confirmação da ausência do vírus no doador. Tomadas essas atitudes, com certeza o banco de sangue cresceria e todos sairiam beneficiados.