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Enviada em: 29/07/2018

Peste-gay       No Brasil, na década de 1980, houve uma epidemia de aids, que chegou a ser denominada pelo jornal Notícias Populares (1983) como "peste-gay", pois nessa época a doença era comumente associada à orientação sexual dos indivíduos. Ao que parece, essa visão disseminou-se ao longo dos anos e se constitui ainda hoje, para os homossexuais, como um dos motivos que impede-os de doar sangue. Esse cenário, somado com a baixa qualidade dos testes padrão do sangue doado são os principais fatores que fazem persistir o preconceito do grupo citado na doação sanguínea.        No desenrolar dessa temática, é impossível não atribuir aos estigmas perpetuados no decorrer dos anos, a respeito dos homossexuais, como um forte motivo para a atual restrição sofrida por eles em relação a doação de sangue. Esse contexto se mostra inconstitucional, haja vista que não há critérios ou especificidades na lei que determinem a proibição por critério de orientação sexual, mas sim por comportamentos de risco. No entanto, nota-se que poucos cidadãos heterossexuais são barrados na doação por realizar comportamentos sexuais indevidos, mas, em contrapartida, os homoafetivos, embora tenham hábitos sexuais saudáveis,  são frequentemente impedidos de realizar a doação.         Em uma análise mais aprofundada, nota-se que a falta de estrutura nos hemocentros brasileiros, bem como a baixa qualidade dos testes padrão de análise do sangue doado se caracterizam como dificultadores da doação por homossexuais. Esse cenário, no qual é dificultada a análise do sangue, para detecção de doenças como HIV, faz com que os profissionais dos hemocentros barrem os homoafetivos, por serem tidos como não qualificados para tal ação . Como consequência disso, há a perda de doadores em potencial, haja vista que existe grande parte da população brasileira dentro dessa orientação sexual que gostaria de doar sangue.        Torna-se evidente, portanto, que o estigmas sobre homossexuais, cuja raiz é histórica, e a baixa qualidade dos testes do sangue após doação são fatos que contribuem para a permanência do preconceito nessa esfera. Urge, assim, a necessidade da adoção de medidas para apaziguar a problemática. Nesse sentido, pode-se empregar a criação de uma lei, pelo Poder Legislativo, que assegure aos homoafetivos o direito de doar sangue. Além disso, é imprescindível um maior investimento destinado, por parte do Ministério da Saúde, para os hemocentros, sobretudo para a substituição dos testes de análise vigentes por melhores.