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Enviada em: 31/07/2018

Catalisador social             Em seus estudos, o sociólogo alemão Max Weber defende que o processo de entendimento da realidade social seria possível por meio da compreensão das ações dos indivíduos. Sob essa ótica, os desafios enfrentados pelos homossexuais na doação de sangue no Brasil exigem uma discussão mais ampla, haja vista que a problemática persiste intrinsecamente relacionada à realidade do país, seja pela influência histórica, seja pela inobservância governamental. Nessa perspectiva, é conveniente analisar as principais consequências de tais fatores para a sociedade.             Em primeiro plano, é indubitável que a questão histórica esteja entre as causas do problema, Isso ocorre porque durante a 2ª Guerra Mundial, com a ascensão do nazismo, houve a disseminação de ideologias preconceituosas contra homossexuais. Nesse sentindo, é perceptível que tal cenário de preconceito ainda está presente nos dias hodiernos, visto que tornou-se comum presenciar casos em que a doação de sangue é impedida por conta da orientação sexual do doador, o que se mostra prejudicial, uma vez que a população doadora no Brasil já é insuficiente.         Outrossim, destaca-se o parâmetro constitucional como impulsionador do impasse. Tal fato decorre porque segundo a Constituição Federal de 1988, é garantido a todo cidadão o direito à isonomia. Todavia, a prática da discriminação sexual deturpa essa teoria constitucional, haja vista que a ideia errônea de que homossexuais constituem um grupo de risco para a transmissão de doenças se mostra insustentável, dado que exitem modernos métodos de testes para prevenir a contaminação por doenças que estão no estágio de janela imunológica - período em que o vírus permanece inativo e assintomático.              Destarte, é imprescindível que Estado e a mídia atuem para que tais desafios sejam superados. Para tanto, é imperativo que o Ministério da Justiça, junto com o setor legislativo, promova  audiências públicas para debater e proporcionar uma reforma na lei que impede homossexuais de doarem sangue para, assim, reduzir a discriminação sexual desse público e aumentar a população doadora no Brasil, contribuindo para aumentar os escassos estoques de bolsas de sangue nos hemocentros. Ademais, a mídia, por meio de novelas e seriados transmitidos em horário nobre à população, deve incentivar a desconstrução de preconceitos na sociedade, com intuito de mitigar atos de discriminação sexual, assim como propiciar a ampliação do conhecimento da sociedade sobre a questão da doação de sangue por homossexuais. Assim, mídia e Estado poderão atuar como catalisadores, contribuindo para aumentar a velocidade da reação social de combate à problemática.