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Enviada em: 05/08/2018

Monstros não são superiores.      A Constituição Cidadã, promulgada em 1988, assegura a igualdade entre todos os indivíduos, Independente de raça, sexo ou orientação sexual. Entretanto, no Brasil atual o preconceito com homossexuais ainda é uma realidade, explicitada na dificuldade encontrada por esses na doação de sangue. Essa problemática persiste intrinsecamente na sociedade brasileira como subproduto da discriminação exercida por alguns indivíduos e do descaso do Governo.       Em uma primeira análise, sob a ótica sociológica, o preconceito da sociedade contra a doação de sangue pelos homossexuais possui estreita relação com a heteronormatividade implantada no país, Essa conjuntura social encontra origem na colonização do país, quando os jesuítas impunham aos povos nativos a religião católica, gerando uma situação em que algumas pessoas se valem dos ensinamentos bíblicos para legitimar, erroneamente, a aversão àqueles que se relacionam com outros do mesmo sexo. Nesse sentido, esse preconceito estrutural foi fixado no Brasil, tendo como produto a discriminação contra essa minoria no que se refere às regras para a doação de sangue, fato que dificulta, todos os dias, o salvamento de vidas. Dessa forma, cabe ressaltar o que disse o filósofo alemão Friedrich Nietzsche: "O autoengano é o que transforma o ser humano em um monstro".       O filósofo suíço Jean Jacques Rousseau afirma que o Estado tem dever de assegurar os direitos fundamentais à vida. Contudo, a realidade enfrentada no país em relação à garantia da saúde e da Igualdade não estão em concordância com a ideia de Rousseau. Indubitavelmente, a falta de investimento do governo nos mecanismos de teste e cuidado com as doações de sangue não são as mais eficazes, fato esse que torna o risco de contaminação muito maior, quer seja por doadores homossexuais ou heterossexuais, evidenciando o descaso governamental e aumentando o preconceito.      Urge, portanto, que medidas implementadas para mitigar essa problemática. A fim de combater o grave cenário de preconceito aos homossexuais e construir uma sociedade pautada em empatia e respeito, o Poder Executivo Federal, em conjunto ao Ministério da Saúde, deve promover políticas públicas de investimento na modernização dos procedimentos de teste das doações de sangue. Essas ações devem ser concretizada por meio da ampliação de instituições de controle das bolsas coletadas, objetivando garantir maior eficiência nas transfusões. Concomitantemente, faz-se necessária, ainda, a elaboração de campanhas publicitárias de conscientização da população, de modo que a tolerância se faça presente no país e mais vidas possam ser salvas. Com isso, construir-se-á um país em que a igualdade seja uma realidade de fato para todos, e não mais um privilégio de sujeitos ou grupos.