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Enviada em: 03/08/2018

Em 1981, começaram a surgir os primeiros casos de AIDS no Brasil. Esta doença -sexualmente transmissível- passou a ser associada diretamente aos homossexuais que, à época, eram vistos como símbolo de promiscuidade perante a ordem vigente. Na contemporaneidade, embora tenham conquistado espaço em meio à sociedade, os homens desse grupo ainda sofrem com a herança do preconceito, mediante restrições impostas pelo sistema de saúde em relação à doação de sangue por parte destes. Isso representa, além de um déficit aos bancos de sangue de muitos hospitais, uma visão estereotipada desse órgão acerca dos homossexuais. Diante disso, essa é uma questão a ser debatida pela sociedade brasileira.        Nesse contexto, muitos hospitais brasileiros sofrem com a falta de sangue disponível para cuidar de seus pacientes. Na maioria dos casos, isso ocorre devido às inúmeras barreiras impostas pelos órgãos de saúde àqueles que possam se tornar possíveis doadores. Dentre essas medidas, pode citar a que estabelece que homens homossexuais fiquem durante o período de um ano sem manter relações sexuais com outros homens.       Por conseguinte, vale destacar que as entrevistas -método de triagem utilizado pelos órgãos de saúde pública- na maioria das vezes, são falhas, uma vez que definem grande parte dos doadores pela sua orientação sexual e não pelas condições que estes apresentam para poderem doar sangue. À face do exposto, pode-se inferir que o sistema de saúde seleciona os doadores sob a perspectiva de um determinante social em detrimento de um determinante biológico.       Em síntese, o preconceito sofrido pelos homossexuais ao tentar doar sangue é uma mazela que prejudica grande parcela da população. Para amenizar tal situação, é necessário que o Estado, por intermédio do Ministério da Saúde, além de investir em testes mais sofisticados para determinar a presença de alguns vírus no sangue do doador, modernize os métodos de triagem que, em vez de considerar a orientação sexual do doador, passe a se basear na maneira como este se comporta em relação à vida sexualmente ativa; objetivando, dessa forma, reduzir o tempo em que os homossexuais precisam ficar sem manter relações com seus parceiros e desconstruir estigmas criados no processo de triagem. O que, por sua vez, aumentaria o números de doadores disponíveis e, consequentemente, reduziria o déficit dos bancos de sangue de muitos hospitais do país. E, por fim, compete às famílias -base do processo de socialização dos indivíduos- juntamente às escolas -formadoras do senso crítico dos cidadãos- trabalharem sobre o respeito às diversidades sexuais, no intuito de desmistificar visões estereotipadas acerca dos homossexuais que ainda persistem na sociedade brasileira.