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Enviada em: 09/08/2018

Em 1980, ocorreu uma epidemia que foi denominada GRID (sigla em inglês para “imunodeficiência relacionada aos gays”), hoje conhecida no mundo todo como AIDS. Nesse contexto, foi constatado que uma das formas de transmissão dessa doença era por transfusões, ocasionando a restrição da doação de sangue de todos os homossexuais da época, que eram vistos como o principal grupo de risco. Atualmente, evidencia-se que essa perspectiva gerou traços problemáticos, que ainda persistem na sociedade, como: dificuldades de doação de sangue e os preconceitos relacionados a grupos LGBT.       Primeiramente, é indubitável que a doação de sangue no Brasil e no mundo tem diversas restrições e medidas de precaução. Consoante a isso, os homossexuais são os mais afetados por essas restrições, que segundo a constituição, homens que mantem relacionamentos sexuais com outros homens, são restringidos de doar. Entretanto, essa medida é errônea, visto que ela predispõe um julgamento a determinado grupo ou pessoas, e não o seu comportamento, tendo em vista que a contaminação do sangue ocorre pela atividade sexual sem proteção e não apenas pela orientação sexual da pessoa. Sendo assim, tanto heterossexuais e homossexuais estão sujeitos a contaminações, quando não realizado sexo de maneira segura.        Outrossim, podemos destacar os preconceitos relacionados a grupos LGBT, que acabam sendo maquiados como medidas de segurança. Nesse prisma, Albert Einstein, renomado físico, diz: “É mais fácil desintegrar um átomo, do que acabar com um preconceito”, ou seja, em uma sociedade que, segundo Machado de Assis, é vista como imoral e desprovida de virtudes, deixar concepções preconceituosas desenvolvidas através do tempo para trás é um grande desafio. Dessa maneira, é incontrovertível que atitudes homofóbicas do passado ainda perpetuam na sociedade, e isso constitui-se um fator determinante na doação, pois milhares de doadores sem doenças transmissíveis pelo sangue, tornam-se inaptos em virtude de sua orientação sexual.        Destarte, faz-se necessário a adoção de medidas, a fim de que se diminua as dificuldades encontradas pelos homossexuais em doações sanguíneas. Por conseguinte, cabe a Organização Mundial da Saúde encaminhar um pedido ao Supremo Tribunal Federal, com o intuito de atualizar a lei que restringe a doação de sangue de homens que mantém relacionamento com outros homens, para que haja uma igualdade de tratamento entre homo e heterossexuais, nos hemocentros. Ademais, deve ser realizada campanhas, através da internet e televisão, com o objetivo de combater o preconceito a grupos LGBT e de desmistificar antigas concepções, que sem conhecimento eram atribuídas aos homossexuais. Somente assim, evitaremos novas atitudes preconceituosas como a de 1980.