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Enviada em: 12/08/2018

Historicamente, diversas sociedades tendem a marginalizar os nascidos com deficiências de qualquer tipo e os considerados promíscuos pelos padrões patriarcais, como é o caso dos homossexuais. No Brasil, o preconceito enfrentado por estes no ato da doação de sangue explicita quão enraizada no meio social está a discriminação e a exclusão daqueles que fogem aos moldes tradicionais de sexualidade. Convém lembrar que, embora a demanda por sangue no país seja alta -como ilustra uma cartilha do blog Aprenda a Valorizar- descarta-se uma quantidade muito significativa dos doadores masculinos apenas pelo fato de os mesmos terem relações sexuais com outros homens, o que por si só não determina a contaminação do indivíduo pelo vírus HIV. Assim, além do preconceito presente neste posicionamento tomado pelas instituições de doação,passa-se a mensagem de que a opção sexual de um cidadão é mais importante que sua iniciativa em ajudar quem necessita. Conjuntamente,a definição de promiscuidade pela Organização Mundial da Saúde determina que todos que tiveram mais de um parceiro sexual dentro do período de seis meses se encaixam na categoria. Portanto, é possível afirmar que do modo que é estruturada hoje, a seleção a partir do descarte imediato de homossexuais é falha ao não considerar o risco que heterossexuais com mais de um parceiro sexual representam,sendo apenas mais um fator de replicação de preconceitos.A partir disso,o mais coerente é que qualquer doador passe por testes de HIV a fim de garantir a segurança do sangue doado-sendo que esta é um dos pontos principais do processo. Levando em consideração os argumentos acima, é necessário que medidas sejam tomadas. Uma proposição possível é o decreto,pelo Ministério da Saúde aos hemocentros, da mudança do questionamento citado para "Tem tido relações sem uso de proteção?" e sua expansão a qualquer pessoa, a fim de combater essa forma de segregação sofrida pelos homossexuais em nosso país sem qualquer razão válida.