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Enviada em: 14/08/2018

No universo literário de Harry Potter, um grupo de bruxos auto-intitulado "sangue-puro" discriminava uma parcela significativa da população, pois esta era dita "sangue-ruim". De maneira análoga à ficção, muitos indivíduos são chamados dessa forma não por serem mestiços, mas porque são homossexuais. Essa minoria sofre inúmeros preconceitos e destacam-se aqueles enfrentados na doação de sangue.       Primeiramente, é válido destacar a presença do conservadorismo na sociedade brasileira. Desde os primórdios da colonização o repúdio àquilo que é diferente é estimulado, a exemplo do genocídio indígena, da opressão aos negros e mais recentemente as restrições aos homo-afetivos. Os impasses vão desde a adoção de crianças até o simples ato de doar sangue, ainda que neste último caso não exista proibição legal justificando essa sanção e que os testes que detectam doenças sejam bastante competentes. Dessa forma, fica evidente que o respaldo para essa ação é o preconceito, o que fere a garantia de isonomia.       Também é necessário ressaltar, que o surto de AIDS nos anos 80 gerou grande histeria coletiva, especialmente no que diz respeito aos gays, já que na época, a doença se propagou de forma exponencial nessa camada social. Soma-se a isso, o fato de que os homossexuais eram vistos como promíscuos aumentando as discriminações sofridas. Este estigma permanece até hoje e é o grande argumento que embasa a proibição de doação de sangue: o suposto risco de contaminação por HIV e por outras doenças sexualmente transmissíveis que também podem ser adquiridas via transfusão.       Portanto, é necessário uma mudança não somente na legislação vigente, mas também no pensamento do corpo social do país. Para isso, o Poder Legislativo deve criar leis que validem o direito dos homo-afetivos de doar sangue, mediante exames que atestem sua saúde e punindo as instituições que se recusarem a aceitá-los garantindo igualdade de direitos, conforme previsto em Constituição. Uma parceria entre ONGs e escolas deve ser firmada com o intuito de incentivar por meio de palestras e campanhas voltadas para o público jovem, a desconstrução de preconceitos ligados aos gays para que as gerações vindouras não mais reproduzam os comportamentos daquela que vive atualmente.