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Enviada em: 21/08/2018

Aluísio de Azevedo, autor naturalista, na obra "O Cortiço" expõe, por intermédio da repulsa do personagem Jerônimo em construir uma relação de confraternização com os outros moradores, o olhar preconceituoso existente na sociedade brasileira. Hodiernamente, no Brasil, esse preconceito é refletido na forma como muitos homoafetivos são tratados no processo de doação de sangue, pois ainda existe uma opinião precipitada sobre esses doadores. Desse modo, os mesmo desistem de continuar com o serviço prestado, ocorrendo uma preocupante baixa na quantidade de bolsas disponíveis.    O descaso dos Hemocentros (locais onde acontecem as coletas de sangue) é um desafio para mitigação do impasse, uma vez que muitos profissionais responsáveis pelo atendimento têm uma visão preconceituosa aos doadores homossexuais. Atitudes desse gênero, consoante ao pensamento do iluminista Voltaire, de que sem conhecimento gera opiniões patológicas, ocorre porque esses locais não instruem os funcionários sobre como atender adequadamente e reconhecer de forma imparcial quem tem capacidade de ser doador. Esses fatos são frequentes devido ao escasso investimento do Governo em capacitação profissional, medida que tornaria mais acessível esse procedimento ao referido público.     Por consequência disso, esses cidadãos encontram incontáveis dificuldades para exercer essa função. Infelizmente, um comum exemplo de tal desdém é o modo como são tratados ao informarem sua posição afetiva no momento da entrevista de seleção, no qual ocorre devido ao estereótipo intrínseco no país durante o decorrer dos anos. Essa conjuntura, para a escritora norte-americana Helen Keller, é uma problemática que pode e deve ser combatida, pois para ela a mente humana é capaz de transpor qualquer barreira. O Sistema Público de Saúde ao deixar de lado essa inclusão e tratá-los de maneira insensata, resulta numa decadência na quantidade de doadores, prejudicando toda população.    Dessarte, faz-se necessário que o Poder Público providencie um local de coleta com funcionários preparados, por meio de novos programas de capacitação profissional, com grades curriculares voltadas ao ajuste no modo de atendimento, tendo financiamento do PIB (Produto Interno Bruto) como assegurador dos gastos, a fim de levar um sistema imparcial e seguro ao doador de sangue, independente do cidadão que preste o serviço. Além disso, é preciso que o Ministério da Saúde comunique à todos a melhora ocorrida no sistema, pós conclusão do projeto, através da criação de campanhas informativas, com o foco no retorno dos ex-doadores homoafetivos. A partir dessas ações, espera-se atenuar os entraves na doação de sangue e aumentar o número de doadores no Brasil.