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Enviada em: 05/09/2018

No auge dos anos 80, com a epidemia da Aids, foi criado uma portaria onde os homossexuais foram, a partir daí, impedidos de doarem sangue. Tal proibição vigora até os dias atuais, a qual, mesmo com o déficit de sangue nos hemocentros do país, o Ministério da Saúde (MS) faz restrições quanto à doação de homens que tenham tido relações sexuais com outros homens. Nesse contexto, deve-se analisar como a herança histórico-cultural e o poder público prejudicam a questão da doação de sangue pelos homoafetivos.      Primeiramente, a herança histórico-cultural é uma das principais responsáveis pela manutenção do preconceito contra os homossexuais. Isso decorre da associação de DSTs, como Aids e Hepatite, aos homoafetivos desde a década de 80, uma vez que, por não existir nenhum risco de engravidar, considera-se que a maioria não usa preservativos nas relações sexuais. À vista disso, tal ideologia se enraizou pela maneira que foi disseminada nos anos de 1980 até hoje, já que, conforme Francis Bacon, o comportamento humano é contagioso. Não é à toa, logo, que os homossexuais ainda são impedidos de doarem sangue.      Em uma segunda análise, nota-se que o poder público fomenta o preconceito já existente. A psicóloga Helenice, 38 anos, afirma que "o governo justifica uma incidência maior de HIV, porém, ao mesmo tempo, não são somente gays que possuem comportamentos de risco". Assim sendo, tal afirmação evidencia que a resolução jurídica adotada pelo país na doação de sangue possui um embasamento moral, e não biológico, visto que um homem heterossexual que tenha relações sexuais sem preservativos não é proibido a doar. Por consequência disso, segundo dados da revista "Superinteressante", mais de 18 milhões de litros de sangue são desperdiçados devido à restrição.      Torna-se evidente, portanto, que há um grande preconceito no impedimento da doação de sangue pelos homossexuais. Em razão disso, o Ministério da Educação, em parceria com as escolas, deve incluir a disciplina ética e cidadania, por meio de uma reforma curricular do ensino infantil ao médio, a fim de desconstruir o preconceito enraizado, para que, assim, todos possam doar sangue sem descriminalização.  Outrossim, o poder público, através do Congresso Nacional, deve votar por uma alteração da restrição na doação, objetivando novos métodos de detecção propostos pela comunidade científica, excluindo,consequentemente, o caráter preconceituoso. Dessa forma, tal problemática será progressivamente eliminado da sociedade.