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Enviada em: 07/09/2018

O preconceito é uma opinião não submetida a razão. A citação do filósofo francês do século XVIII, Voltaire, revela a tendência do ser humano em desenvolver pensamentos e normas baseadas em conclusões precipitadas e irracionais. Nesse sentido, convém utilizar o mesmo raciocínio para debater as causas e consequências acerca das limitações, injustas, impostas aos homossexuais na doação de sangue.       A princípio, evidencia-se, que a herança histórico-cultural é uma das principais causas da manutenção do preconceito. Desde o início da epidemia da AIDS, nos anos 1980, os homossexuais são, incoerentemente, associados à doenças sexualmente transmissíveis (DST) e, até hoje, o Ministério da Saúde impossibilita a doação de sangue por um indivíduo de acordo com a sua orientação sexual. Entretanto, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo site O Globo, heterossexuais representam 67,5% dos casos de infecção pelo vírus HIV, sendo 58,2% mulheres, o que comprova que a norma vigente na doação de sangue é irracional e alimenta o preconceito.       Ademais, ressalta-se que essa restrição representa um grande desfalque aos estoques de sangue. Segundo a Super Interessante, ao restringir uma parcela da população são desperdiçados 18,9 milhões de litros de sangue por ano. Consequentemente, o baixo estoque de sangue em homocentros gera o cancelamento de cirurgias e, dessa forma, discriminar a doação de sangue dos homossexuais causa uma grande perda para a sociedade.       Desse modo, o preconceito na doação de sangue requer medidas efetivas para ser erradicado. Nesse sentido, o Poder Legislativo deve garantir que homossexuais pratiquem a doação como qualquer outro indivíduo da sociedade, por meio de um projeto de lei em que os doadores não sejam discriminados de acordo com o sua escolha sexual. Espera-se, com isso, que as regras nos homocentros sejam desenvolvidas por meio da razão e não do preconceito.