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Enviada em: 22/10/2018

Desde de o iluminismo, movimento intelectual que ocorreu entre os séculos XVII e XVIII, entende-se que uma sociedade só progride quando um indivíduo se preocupa com o outro. Hodiernamente, vê-se que, no Brasil, essa tese encontra-se deturpada, uma vez que os preconceitos enfrentados pelos homossexuais na doação de sangue persistem e são uma das mazelas sociais ainda enfrentadas por esse grupo. Nessa contextura, é fator contributário a própria postura do Estado, bem como o preconceito inerente a sociedade.    A princípio, é válido salientar que a portaria 158, homologada em 2016, restringe nos procedimentos técnicos a doação de sangue por parte de gays ou homens que tiveram relações sexuais com alguém do mesmo sexo no período de um ano. Isso sobrevém, principalmente, pela imagem da  população homossexual estar ligada a promiscuidade e consequentemente ao grupo de ''comportamento de risco'' e, por isso, são impedidos de doarem sangue, uma vez que são maiores as chances de transmitirem doenças sexualmente transmissíveis durante o processo de transfusão de sangue. Entretanto, os exames que são pré-requisitos detectam doenças em todos os níveis, o que expõe, na verdade, um preconceito político no que tange a doação de sangue por essa parcela da população.     Outrossim, gays ainda precisam lidar com a hostilidade social por suas condições sexuais. Sob esse viés, é habitual que muitas pessoas defendam a proibição da doação de sangue por parte desse grupo social, pois, para muitos brasileiros, o gay ainda é uma figura que remonta a doenças e promiscuidade. Consoante a essa situação, o filósofo Pierre Bordieu, afirma que a violação dos direitos humanos não consiste somente apenas no embate físico, mas está presente - sobretudo - na perpetuação de preconceitos que atentam contra dignidade humana de uma pessoa ou grupo social. Logo, uma mudança nos valores sociais é primordial para transpor as atuais barreiras que traçam esse cenário.     Fazem-se prementes, por conseguinte, diligências para transmudar essa problemática. Destarte, o Governo, por intermédio dos três poderes, deve rever e criar novas leis, tendo em vista que a não doação de sangue apenas pelo fator de orientação sexual é algo arcaico e que as novas tecnologias permitem diagnosticar doenças, o que não se restringe apenas a população gay. Ademais, as escolas devem promover debates em salas de aula, com o propósito de desmistificar preconceitos a cerca do tema, para assim, transpassar os preconceitos inerentes. Além disso, a mídia (rádio, tv e internet) deve usar campanhas de cunho elucidativo como forma de esclarecimento  sobre os mitos e verdades  sobre a doação de sangue por parte dos homossexuais, com a finalidade de informar e contribuir para a resolução dessa problemática.