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Enviada em: 30/10/2018

"Tinha uma pedra no meio do caminho. No meio do caminho tinha uma pedra". Através deste trecho do poeta modernista Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores representantes da literatura brasileira do século XX, percebe-se que a sociedade encontra obstáculos ao longo do seu desenvolvimento. Sob esse aspecto, é necessário avaliar as consequências de preconceitos sofridos por homossexuais diante do ato de doar sangue.       Em uma primeira abordagem, convém destacar a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 a qual assegura a igualdade do ser humano em dignidade e direitos. É tácito o absurdo desrespeito desses princípios em se tratando de barreiras impostas pelo Sistema Único de Saúde brasileiro, ainda hoje, à doação de sangue quando esta é precedida por um homossexual.  Com isso, milhões de pessoas deixam de ser salvas todos os dias e bancos de sangue ficam cada vez mais escassos por uma questão de discriminação sexual mascarada como "procedimentos de segurança".        Por outro lado, é indubitável que tal problemática possua origens na homofobia enraizada no contexto social. Segundo o sociólogo francês Émile Durkheim, o homem é produto do meio no qual está inserido. Analogamente, infere-se que um meio social desenvolvido com base em preconceitos e na ignorância quanto a pessoas com orientação sexual homo afetiva - vistas como doentes mentais e físicos, e portanto, disseminadores de doenças - tende a adotar posturas coercitivas como o supracitado impedimento da doação sanguínea. Assim, é inaceitável que a exclusão dos grupos de minorias sociais continue se eternizando.       Infere-se, portanto, que o problema mostra-se como uma grande pedra a ser retirada do caminho para o desenvolvimento. Nesse sentido, é mister a ação do Poder Legislativo com a proibição de qualquer impedimento nos bancos de sangue baseados puramente na orientação sexual, a risco de coerção por multas. Assim, direitos básicos e universais serão exercidos.