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Enviada em: 24/10/2018

A perspectiva a favor da dignidade           Na década de 80, o mundo passou por um período de grande temor devido a um mal obscuro com uma capacidade desconhecida de contaminação, a AIDS. As descobertas providas dessa conjuntura levaram a uma ligação da transmissão da AIDS com relações sexuais monogâmicas entre homens e a transfusão sanguínea. Pesquisas recentes, porém, revelam que essa ligação inexiste, restando apenas o preconceito. Dessa forma, é preciso enxergar as possibilidades de contorno dessa situação para restaurar a dignidade de uma minoria desprovida da chance de realizar tal gesto altruísta.             Em um primeiro plano, deve-se entender que a legislação do Brasil peca em diversos pontos na sua análise quanto a quem pode doar sangue. Nesse sentido, assumir que uma pessoa não pode ceder seu sangue devido a sua opção sexual é o mesmo que retornar à década de 80, quando as pessoas eram taxadas por "grupos de risco", sendo que, atualmente, é amplamente divulgado o "comportamento de risco". Logo, faz-se necessária a mudança desse sistema, a fim de que a legislação assuma que todos os candidatos devam ser acolhidos sem discriminação sexual, sendo dever do Ministério da Saúde tomar as providências cabíveis para tal procedimento.            Entretanto, ainda que haja o fim do preconceito na triagem, aqueles que doam precisam de um processo eficiente para a análise de possíveis patógenos dentro do sangue. Segundo dados do SUS (Sistema Único de Saúde), uma análise sanguínea acurada no mundo, leva, em média, 10 dias, enquanto que, no Brasil, precisa-se esperar até 3 meses para o doador ser aprovado, e devido a isso, evita-se aceitar a transfusão de pessoas pertencentes aos "grupos de risco". Para amenizar tal quadro, o Estado deve arcar com o ônus de um sistema eficiente de exame de hemocomponentes, tendo em vista que o Brasil é um país extremamente dependente do sistema de transfusão sanguínea.              Torna-se evidente, portanto, que o país precisa acabar efetivamente com pensamentos ultrapassados e preconceituosos. Com esse objetivo, além das medidas citadas anteriormente, a criação de campanhas de conscientização sobre comportamentos de risco durante o ato sexual, como o não uso de preservativos, ajudaria a evitar tal quadro de intolerância, em que todo homossexual é taxado como promíscuo, sendo dever do Ministério da Saúde, em conjunto com o quarto poder, divulgá-las.  Com os homossexuais fora da ação da discriminação e incrementando os bancos de sangue, a reação de transformação em todo o sistema de saúde brasileiro certamente será agilizada.