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Enviada em: 02/11/2018

A proibição de doação de sangue por homens homossexuais surgiu no Brasil na década de 1980, quando havia um desconhecimento completo sobre as causas da Aids. Conquanto, apesar dos avanços significativos contra o HIV, o atual preconceito contra a homoafetividade impossibilita que parte dessa população consiga colaborar em atividades voluntárias como doação de sangue. Nesse sentido convém analisarmos as principais consequências de tal postura negligente para nossa sociedade.       A priori, o número de pessoas que são doadoras no Brasil é extremamente baixo. Hodiernamente, com apenas 1,5% da população doando sangue, é racional acreditar que os hospitais busquem cada vez mais estimular os indivíduos a se  voluntariarem para essa causa. Contudo, por conta da opção sexual, muitos centros de saúde impedem que os homossexuais tenham seu sangue coletado para a doação. De acordo com dados da revista “Superinteressante”, mais de 18 milhões de litros de sangue são desperdiçados com a restrição da parcela homossexual e bissexual. Diante disso, é imprescindível que haja uma alteração nos métodos que avaliam se uma pessoa está apta ou não para doar.       Faz-se mister, ainda, a legislação brasileira como impulsionador do problema. Segundo Zygmunt Bauman, no texto " O sonho da pureza", os modelos de pureza mudam de uma época para outra e o que hoje consideramos anormal, poderá com o tempo ser considerado como absolutamente normal. Diante de tal contexto, as leis impedem que homens que tiveram relações sexuais com outros homens doem sangue pelo período de um ano, deixando claro que as visões preconceituosas dos anos 80 sobre os homoafetivos estão presentes ainda hoje. Dessa forma, é inadmissível que, em uma sociedade cada vez mais evoluída, discriminações como essa permaneçam atualmente.             Infere-se, portanto, que medidas são necessárias para resolver esse problema. Dessa maneira urge, o Ministério da Saúde, junto com o Poder Público, devem conscientizar os captadores dos hemocentros brasileiros a não agirem com preconceito no atendimento, por meio de palestras e debates que explicitem a importância da doação dos homossexuais, além da utilização de tecnologias que auxiliem nos exames e na constatação da presença de doenças sexualmente transmissíveis, a fim de aumentar os estoques de sangue no país e acabar com a discriminação.