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Enviada em: 31/10/2018

Em seu poema modernista No meio do caminho, Drummond cita: "tinha uma pedra no caminho, no caminho tinha uma pedra". Certamente, os preconceitos sofridos pelos homossexuais são uma verdadeira "pedra" no caminho para a doação de sangue sem discriminação. As causas históricas dessa problemática, assim como suas consequências, são elementos que devem ser discutidos para se entender a gravidade disso para muitas pessoas.      Primeiro, é preciso abordar as causas dos preconceitos contra a doação de sangue de homossexuais. Pode-se dizer que são o reflexo de um contexto histórico de enraizamento discriminatório contra gays, algo reforçado no século XX, quando a ciência médica fez várias descobertas no ramo patológico-sexual, como a AIDS ou a hepatite. Elas eram mais evidentes em homossexuais na época e desde sempre puderam ser transmitidas pela transfusão sanguínea. Com isso surge uma espécie de medo misturado com preconceito de médicos e outros profissionais envolvidos na doação de sangue de indivíduos homo afetivos. No entanto, seja qual for a orientação sexual, as características do sangue não são determinadas por isso, mas sim pela herança genética do indivíduo, algo sustentado pelos estudos de Mendel sobre genética. Ou seja, esse preconceito é infundado.      Segundo, em virtude da improcedência, surgem sérias consequências. Entre elas está o desestímulo da comunidade gay em doar sangue, já que, obviamente, ninguém acha agradável ser discriminado. Dessa forma, muitas vidas deixam de ser salvas devido à ignorância. Afinal, apenas 1,5% da população brasileira doa sangue, um número que com certeza poderia aumentar somado à população homogamética que desistiu de o fazer. Um caso noticiado recentemente em São Paulo o comprova, visto que um jovem gay tinha as condições ideais para a doação (doador universal, boa saúde, não consumo de drogas), e simplesmente não doou seu tecido sanguíneo por ser, segundo sua médica, "um caso à parte entre seu grupo".          Portanto, os preconceitos sofridos por homossexuais na doação de sangue são histórico-sociais. Logo, propostas de intervenção devem ser estabelecidas. Cabe ao Ministério da Saúde investir em cartazes explicativos e palestras em locais públicos, hospitais e postos de saúde, para explicar as causas e consequências do problema discutido com dados estatísticos, tabelas e casos do dia a dia. Acrescenta-se a isso a ação da mídia, a qual pode apresentar propagandas em veículos de informação- televisão, rádio, celular- abordando o respeito e a tolerância para com indivíduos homo afetivos através dessas questões. Dessa forma, uma pedra histórica será retirada do caminho: o preconceito.