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Enviada em: 14/03/2019

Valorização cultural       Como se pode observar em sua carta, Pero Vaz de Caminha ficou encantado com a riqueza que a terra brasileira apresentava. Com o passar dos séculos, como forma de manter vivo o encantamento do Brasil, monumentos históricos e museus foram estabelecidos para preservar os patrimônios materiais, e demarcações de terras foram feitas para preservar a cultura indígena, um dos maiores patrimônios imateriais do país. Todavia, esses meios de preservação têm sido ameaçados pela falta de respaldo governamental e desvalorização dos aspectos históricos culturais do país.       Na história brasileira, os índios sempre foram marginalizados. Segundo o filósofo Jurgen Habermas, isso ocorre porque as instituições sociais, as quais definem as leis e condutas da sociedade, são controladas por uma maioria política que é vitoriosa por conta de processos histórico-sociais. Assim, as visões de minorias, como a dos indígenas, são deixadas de lado. Isso se configura uma regulação social excludente que dá espaço à prática de exploração e violência contra os índios. Visando mudar essa realidade, os irmãos Villas-Boas estudaram a cultura indígena e incentivaram a criação da FUNAI (Fundação Nacional do Índio). No entanto, os problemas persistem — de acordo com o relatório "Violência contra os povos indígenas", nas últimas 3 décadas, mais de mil índios foram assassinados.       A FUNAI é responsável pelo Museu do Índio, o qual passa por dificuldades de manutenção. Essa é uma realidade de vários patrimônios históricos brasileiros, os quais são vítimas do descaso do Estado. Dados da CGU indicam que, no período de 2013 a 2017, apenas R$ 70 milhões, menos da metade do orçamento previsto, foram destinados à preservação do patrimônio cultural brasileiro. Foi pela falta de recursos financeiros que o Museu Nacional sofreu um incêndio e foi destruído no final de 2018. Essa tragédia, causada pela irresponsabilidade estatal, chamou a atenção da população, que, apesar de se revoltar, pouco faz para mudar o cenário de desvalorização dos museus e monumentos históricos.       Destarte, para evitar novas tragédias, cessar a exploração dos índios e incentivar a valorização dos patrimônios materiais e imateriais do Brasil, deve-se agir em duas frentes: jurídica-econômica e educacional. No âmbito jurídico, o governo deve confirmar o cumprimento do artigo 231 da Constituição Federal, que garante a inviolabilidade das terras indígenas, por meio de maior fiscalização policial em conjunto com órgãos de proteção ao índio, e cumprir a dotação orçamentária para a preservação dos patrimônios. No educacional, o Ministério da Educação tem que criar uma cartilha nacional para as escolas, com roteiros de visitas a museus, criação de feiras temáticas, e realização de palestras, visando expandir o conhecimento crítico e difundir a importância da preservação da cultura brasileira.