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Enviada em: 10/04/2019

Destoante da realidade ideal, o patrimônio histórico e cultural brasileiro é, por vezes, desvalorizado e vilipendiado em um ato de desonra à própria trajetória do país no decorrer da sua formação. Nesse sentido, parte do problema está direta e intimamente ligado ao descomprometimento estatal em zelar pela preservação desses aspectos, como forma, inclusive, de manter viva no imaginário coletivo as bases sobre as quais essa sociedade se ergueu. Dessa forma, cria-se um cenário preocupante no qual a ignorância se faz presente e abre precedente para o caos e para o colapso social, na medida em que se esquece a própria origem e os erros pretéritos, comprometendo o desenvolvimento da sociedade.      Nessa perspectiva, o desfavorecer da cultura e da história nacional resulta, em grande medida, no enfraquecimento, dentre outros aspectos, da soberania nacional do Estado na exata proporção em que os indivíduos perdem o sentimento de pertencimento e de patriotismo. Nesse viés, é importante notar que "a ignorância do passado não se limita a prejudicar a compreensão do presente, compromete, no presente, a própria ação", como bem assinalou March Bloch, historiador francês, e, por isso, é tão perigoso que o patrimônio material e imaterial sucumbam à decadência ou ao esquecimento. Sendo assim, a valorização desses aspectos não só é importante como também é necessária, tendo em vista que constrói no foro íntimo individual a ideia do eu, em um processo de autoconhecimento.      Além disso, analisando-se um outro ponto da questão, existe perceptivelmente um descaso em relação aos mecanismos necessários para a manutenção de ambientes que simbolizam um pouco da história e cultura brasileira. Nessa perspectiva, o Estado falha em aspectos basilares como se manter alerta em caso de necessidade de reformas ou reparos e, a partir disso, tem-se museus e bibliotecas em chamas como aconteceu no ano de 2018, lamentáveis episódios. Portanto, é mais que preciso perceber que defender a valorização cultural brasileira apenas no plano teórico, tal qual os termos constitucionais, não é suficiente, é necessário, pois, alias a isso planos de ação eficientes e realistas.       Destarte, o descaso com a cultura e história brasileira é um grave problema para o qual medidas devem ser pensadas a fim de mitigá-lo. Para isso, o Estado, na figura do Ministério da Cultura, precisa investir em mecanismos preventivos, que antecipem zelosamente os reparos em museus, bibliotecas os em quaisquer dos lugares tombados com patrimônio material. Isso pode ser feito a partir da criação de secretarias estaduais, cuja função deverá ser averiguar o estado físico dos locais e solicitar reformas e ações de prevenção em caso de necessidade, com a finalidade de contribuir, com isso, para o respeito à história e à cultura do país como forma de valorização dos próprios brasileiros. Dessa maneira, alcançar-se-á um futuro mais digno para os indivíduos, em respeito à sua origem formadora.