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Enviada em: 22/04/2019

O movimento artístico futurismo propunha a destruição do passado e tudo que remetesse a ele como museus e artefatos históricos para que todo o foco estivesse no futuro. Nos dias de hoje, essa intenção declarada em romper com o passado não é demonstrada, entretanto, devido ao descaso estatal e ao desinteresse da população, os patrimônios históricos não são devidamente preservados, o que acarreta perdas irreparáveis para a cultura e para a identidade do país.       A princípio, é preciso observar que a inoperância governamental diante dessa questão abre margem para que grandes tragédias aconteçam. Nesse sentido, cabe citar os recentes incêndios ocorridos no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, e no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Ambos podem ser associados à falta de manutenção das estruturas e a obras de preservação que são sempre adiadas sob o argumento de falta de verbas. De fato existem outros problemas sérios e que necessitam de atenção e recursos como fome, violência e desigualdade social, porém, é preciso uma boa administração cujo planejamento abranja as demandas, delineie soluções e evite tragédias como essas.       Outro ponto a ser discutido reside no desinteresse da população na história e em seus patrimônios. Nesse contexto, é fato que sem entender sua importância, não há preocupação em preservá-la. Desse modo, nota-se que grande parte das pessoas nunca foi a um museu ou não sabe o porquê de sua existência. Por essa razão, não se interessam em preservar os patrimônios ou lutar por sua conservação. Logo, é preciso incutir nos cidadãos a importância do passado para entender o presente, para reconhecer a identidade cultural de um povo e para compreender que toda a base do conhecimento atual se encontra no que já foi descoberto antes. É como Isaac Newton afirmou: "se cheguei até aqui, foi porque me apoiei em ombros de gigantes." Ombros que, nesse caso, são todas as construções arquitetônicas, artefatos e manuscritos que persistiram até hoje.       Torna-se evidente, portanto, que a destruição do passado como defendeu o futurismo não é o caminho. Assim, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) deve pleitear, junto à Receita Federal, por meio de um ofício, o reordenamento de recursos financeiros e, junto ao Ministério da Cultura, a criação de uma equipe especializada em coordenar as obras de preservação a fim de reparar os desgastes e evitar o agravamento dos danos materiais. Além disso, cabe ao Ministério da Educação incluir na ementa escolar visitas mensais a museus e exposições e, em escolas afastadas, visitas semestrais. Dessa forma, os estudantes terão maior contato com a história, entenderão sua importância e, então, estarão dispostos a preservá-la.