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Enviada em: 24/04/2019

O racismo nas estruturas            Guy Debord, em seu livro A sociedade do Espetáculo, aponta que, no pós-modernismo, as relações interpessoais são mediadas por imagens. Desta forma, o que é divulgado pela indústria cultural é, na verdade, um reflexo das ideias hegemônicas. Assim, o silenciamento da historia africana nos patrimônios culturais, por meio de um descaso estatal seletivo, evidencia a ideologia racista que ainda governa no Brasil.       É irrefutável que a História influencia as ideologias que prevalecem na atualidade. Os exemplos são os mais diversos, vide, para Steven Pinker, famoso cientista linguístico, a própria significância das palavras; o antagonismo do bipartidarismo estadunidense, resultante de uma divergência política no século 18,  influenciando o processo de Shutdown, isto é, parada temporária, do governo de Donald Trump, em fevereiro de 2019, entre outros. Visto isso, tentar apagar a diásporo africana dos museus é tentar omitir o preconceito racial enquanto pauta, mesmo quando tal ainda é presente todo ano em altos índices de homicídio, baixa escolaridade disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.     Por conseguinte, esse processo de obscurecimento é exemplificado ao se analisar a falta de investimento do Estado em preservar e proteger institutos históricos afro-brasileiros, contraponde-se aos super investimento em museus "contemporâneos". Verba gratia, os milhões investidos no mais recente patrimônio cultural carioca, o Museu do  Amanhã, que, como o nome indica, não visa expor o processo histórico-social do país e o Instituto Novos Pretos, onde é apresentado fósseis da "antiga" sociedade escravocrata, que, apesar de estar a menos de cinco quilômetros de distancia do outro, não recebe auxílio financeiro estatal, lutando para receber doações para preservar-se.        Destarte, é evidente a necessidade de mudar a hodierna práxis de financiamento governamental para que a cultura negra possa ser preservada. Isto pode ocorrer com o Ministério da Educação e Cultura aplicando de forma mais igualitário o Fundo Nacional da Cultura entre os patrimônios. Ademais, o órgão pode tornar obrigatório visitar escolares pelas rotas de patrimônios da história africana, como o trajeto Pequena África do Rio de Janeiro, onde fica o Novos Pretos. Só desta forma, diminuindo o racismo nas estruturas, podemos começar a pensar em acabar com o racismo estrutural.