Materiais:
Enviada em: 28/04/2019

O povo brasileiro foi culturalmente catequizado na tão bem trabalhada citação de Padre Antônio Vieira: "Pulvis es, tu in pulverem reverteris". Isto é, incorporou ao seu arcabouço cultural uma contracultura nociva, que, persistente, fez consolidar como pó a cultura nacional e ao pó haverá de retornar. Foi assim no passado e é assim no presente, pois se preserva o patrimônio histórico e cultural do Brasil como pó; e, por consequência, a identidade do povo brasileiro haverá de ser pó a todo momento.     Com efeito, se do pó viemos, somos pó. Diz-se dessa forma, pois, o brasileiro herdou dos colonizadores a lamentável característica de explorar e destruir ao invés de preservar. Tanto é assim que, durante o século XVI, 90% das linguagens silvícolas foram eliminadas (conforme estudos da UNICAMP, 2016), sendo certo que, ainda hoje, alguns grupos buscam vantagens econômicas que sobrepujam a cultura indigenista, retirando as tribos indígenas de suas terras ou introduzindo-lhes elementos estranhos.       Ademais, se somos pó, ao pó retornaremos. Para isso, basta verificar o próprio nome do processo de defesa do patrimônio brasileiro, que, vindo de Portugal, significa senão o próprio tombamento da cultura nacional. A burocracia é tanta que não se pode nem dar manutenção em prédios em época eleitoral. O Museu Nacional, por exemplo, ao pó retornou em razão de curto-circuito elétrico, incendiando-se milhões de exemplares culturais.       Portanto, se o povo brasileiro quiser evitar o retorno ao pó, e, dessa forma, quiser consolidar uma identidade nacional, é preciso mudar a política de gerenciamento do Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (IPHAN). Esse órgão deveria fazer uma parceria com o Ministério da Educação de modo que fosse ministrado, por professores em escolas, conteúdos relativos à importância da valorização da cultura nacional, seja referente ao patrimônio arquitetônico ou aos bens imateriais da cultura indígena ou afrodescendente. Além disso, poderia contratar, por meio de concurso público, historiadores e arquitetos, com a finalidade de agilizarem a burocracia estatal. Assim, será fortalecida a identidade cultural brasileira.