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Enviada em: 08/05/2019

Intimamente ligada ao desenvolvimento das civilizações ao longo da história, a cultura sempre foi a conexão entre o indivíduo e a sociedade, de modo a promover o bem individual e coletivo. Nesse sentido, a valorização do patrimônio cultural de uma sociedade torna-se incisiva na construção da identidade de um povo, contudo, o distanciamento dessa compreensão na realidade brasileira, haja vista a inadimplência das políticas sociais, bem como a falta de diligência da população contribuem para as contradições mais desfavoráveis na preservação patrimonial do pais.     É importante considerar, de início, que a escassez de políticas públicas preservacionistas caracteriza-se como campo fértil para essa problemática. Dessa maneira, em uma perspectiva durkheiniana, a sociedade é como um corpo biológico e necessita que todos os seus órgãos estejam funcionando para seu pleno desenvolvimento. Porém, contrariando essa lógica de “organicismo social”, a falta de uma estrutura governamental na estabilidade dos patrimônios culturais, muitas vezes, restrita apenas a movimentos de tombamento, em detrimento de medidas de preservação, como a reabilitação de centros históricos e avaliação continuada das condições de museus públicos, reverbera, indubitavelmente, na desarticulação de ações que possibilitam a fruição dos acervos  brasileiros.      Outrossim, é factível que o distanciamento da população na valorização da cultura nacional está intrinsecamente relacionado com esse cenário. Nesse âmbito, em consonância com o filósofo Schopenhauer, os limites do campo de visão de um individuo determinam seu entendimento a respeito do mundo. Entretanto, a carência de mecanismos corroborantes na percepção dialógica, como o poder  educacional, a respeito dos significados culturais transmitidos por meio de artefatos, celebrações, ambientes naturais e construções históricas, repercute, negativamente, na falta de um sentimento de pertencimento do indivíduo com sua cultura e, desse modo uma menor participação de diferentes autores no debate social necessário para a reivindicação dos cuidados com o patrimônio brasileiro.       É imperioso, portanto, a execução de medidas enérgicas na transmutação desse empecilho. Assim, cabe a gestão Federal proporcionar uma estruturação mais holística na proteção e recuperação dos acervos culturais no Brasil. Isso pode ser concretizado por intermédio de iniciativas sociais, associadas a empresas privadas que demonstrem interesses em diminuir seus impostos, no melhoramento das condições físicas de museus, espaços e conjuntos históricos, a fim de devolver suas qualidades desaparecidas, bem como suas aptidões a desempenhar um papel social. Dessa maneira, juntamente com a colaboração de processos educativos que enfatizam um pensamento de pertencimento do indivíduo com seu meio cultural, poder-se-á salvaguardar a memória da identidade nacional.