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Enviada em: 11/05/2019

No auge do Modernismo, no século XX, para além da efervescência de ruptura literária e artística, foi evidenciado um projeto de brasilidade que tinha como concepção a ideia de que a construção de um país moderno estaria ligado à conservação de determinado passado. Contudo, quando analisado a preservação do patrimônio histórico e cultural, tal corrente de pensamento encontra impeditivos no atual cenário do país, configurando-se como uma das contradições mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento, o que se deve a fatores como ineficiência estatal e desvelo populacional.      Em primeiro plano, a manutenção do patrimônio histórico e cultural, por vezes, não encontra amparo em políticas governamentais inflexíveis. Isso porque, o projeto atual de resguardo estatal do patrimônio material, por exemplo, alicerçado em medidas rígidas que proíbem a manipulação de construções históricas, como no caso dos tombamentos, muitas vezes, não assegura efetivamente sua preservação. De fato, a falta de dinamização da materialização histórica, como a reabilitação de centros culturais e a avalização continuada de edificações, os distancia da cosmovisão hodierna da população, ao passo que torna-se apenas objeto de contemplação e não mais sujeito de identidade e preconização.       De outra parte, é indubitável que o distanciamento do tecido social na valorização da cultura nacional mostra-se como campo fértil para o descaso com o patrimônio histórico. Nessa perspectiva, quando Lev Vygotsky afirma que a escola não deve se distanciar dos aspectos sociais de seus participantes, corrobora sua importância em abordar eixos temáticos a respeito dos significados culturais transmitidos por meio de artefatos, celebrações e construções antigas. Porém, a escola contemporânea, muitas vezes, não contribui para a perpetuação da cultura, visto que ainda prioriza um ensino calcado no tecnicismo alienante, de modo que inibe uma maior participação de diferentes autores no debate social necessário para a reivindicação dos cuidados com o patrimônio brasileiro.        Para que se reverta esse cenário problemático, portanto, fica a cargo das Secretarias Municipais proporcionarem uma estruturação mais holística na proteção e recuperação continuada de acervos materiais. Isso pode ser efetivado por meio de associações a grandes empresas que queiram diminuir seus impostos, no melhoramento das condições físicas de museus, espaços e conjuntos históricos, e teria por finalidade a conservação dos bens históricos. É imprescindível, ainda, a parceria com as instituições de ensino, com a realização de visitas periódicas à monumentos e centros irradiadores de cultura, objetivando conciliar o estudo técnico à reflexão acerca da valorização da identidade cultural. Quem sabe, assim, poder-se-á salvaguardar a memória nacional, de maneira a concretizar o projeto de brasilidade modernista.