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Enviada em: 10/06/2019

Em janeiro de 2019, o Iphan ( Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) completou 80 anos de atividade. A atual presidente da organização, Katia Bogeá, dissertou sobre a importância da preservação do patrimônio em detrimento da gestão urbana, ambiental e cultural do país, tendo em vista que o patrimônio é conceituado como um conjunto de tradições materiais e imateriais que liga a população a uma identidade nacional. Entretanto, apesar da notória importância da proteção do patrimônio, a falta de representatividade governamental, bem como ao fato da população não se identificar com os acervos dificulta a sua valorização e preservação. Nesse viés, nota-se ser evidente que o patrimônio histórico-cultural de um país é um grande mecanismo para a identidade de uma nação. O Iphan, no momento vigente, é responsável por preservar cerca de oito terreiros africanos – exemplo de luta e resistência do povo negro ao demonstrar o quanto a cultura africana contribui para a caracterização do Brasil desde sua colonização. Dessa maneira, ao associar o filosofo Heródoto, é necessário “pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro”, logo, o patrimônio de um país é de suma importância para que os mesmos erros não sejam cometidos e a luta das minorias não seja omitida. Entretanto,para que o papel dos patrimônios sejam efetivados, é necessário que a população em geral sinta-se representada nas tradições vistas como patrimoniais. Contudo, a “arquitetura hostil”, como causa e consequência da sociabilidade segregacionista é uma adversidade para a efetiva preservação do patrimônio. Conceituada como medidas públicas, como objetos pontiagudos, que obstruem o acesso a locais públicos, a arquitetura hostil é pré-determinada a uma parcela social. Ademais, com a aprovação da PEC 55 – política de austeridade em que foram aprovados cortes nos gastos públicos, demonstra como os ideais aristotélicos, de que o Estado deve assegurar o bem-comum, é posto à deriva.        Portanto, com intuito de que os patrimônios públicos do Brasil recebem a devida importância, são necessárias políticas públicas que envolvam a comunidade e os agentes governamentais. Assim, o Ministério da Cultura, como responsável pelo conhecimento cultural coletivo, deverá receber verbas da Receita Federal, sendo o seu direcionamento fiscalizado. Além do mais, o ministério deverá auxiliar na educação patrimonial nas escolas, por meio de palestras com historiadores que conheçam bem a cultura regional, dando espaço para que jovens e crianças vejam-se inseridos no contexto cultural, gerando a valorização dos aspectos patrimoniais.