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Enviada em: 14/06/2019

Muito além de conjuntos arquitetônicos e acervos em museus, o patrimônio histórico cultural de um país é o conjunto de bens materiais e imateriais considerados importantes para a formação da identidade nacional. Desse modo, correspondem à memória dos diferentes grupos formadores da identidade brasileira, conforme preceitua a Carta Maior. Entretanto, seja devido à falta de comprometimento estatal ou ao desinteresse da população, a patrimônio histórico cultural do país agoniza enquanto lentamente é destituído de relevância.      Primeiramente, com mais de 500 anos de história desde a sua colonização, o Brasil vem acumulando um patrimônio artístico e cultural ao longo de sua formação. Em contrapartida, recentemente, a maior tragédia museológica do país resultou na destruição do Museu Nacional do Rio de Janeiro, consumido por um incêndio de grandes proporções. O desastre mobilizou inúmeros internautas e analistas, que criticavam as políticas de austeridade, como a falta de investimento e a má gestão, que culminaram na destruição de mais de 90% de seu acervo cultural. Lamentavelmente, o ocorrido não foi um caso isolado no país, uma vez que várias instituições culturais sofrem com a falta de manutenção e de investimento, o que demonstra o descaso do governo com o patrimônio e a ciência.       Ademais, conforme a ilustre obra de Sergio Buarque de Holanda, “Raízes do Brasil”, três matrizes principais contribuíram para a formação da identidade brasileira, sendo elas: europeia, africana e indígena. Tais matrizes deram origem a formas de expressão, modos de criar, fazer e viver característicos do povo brasileiro e são exemplos dessas manifestações culturais a capoeira, de origem africana, a arte kusiwa, dos povos indígenas e o Círio de Nazaré, uma celebração religiosa. Contudo, o início do século XX ficou marcado pelo evento da Globalização e com ele surgiu a cultura de massa, que buscou homogeneizar as culturas, sobrepondo a produção cultural dos países hegemônicos sob os demais. Assim, essa descaracterização e diluição transformou a cultura em objeto de comércio e de ganhos econômicos e a população brasileira, por sua vez, passou a consumir cada vez menos a produção cultural interna para buscar externamente.     Convém, portanto, medidas para reverter tal situação deplorável do patrimônio brasileiro. Cabe inicialmente ao Ministério da Cultura uma ampla ação de educação patrimonial junto à sociedade, a fim de restabelecer a memória histórica do povo e a importância dessa conscientização a partir de exposições artísticas em ambientes comunitários. Além disso, cabe ao governo a criação de um órgão responsável pela fiscalização dos repasses financeiros destinados a museus e outras instituições para reverter as atuais políticas de austeridade, visando o restabelecimento do Patrimônio do país.