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Enviada em: 14/06/2019

Lima Barreto, em sua obra ''O Triste Fim de Policarpo Quaresma'', descreve uma distopia na qual ressalta em 1915 a depreciação popular com o patrimônio histórico e cultural, devido ao brasileiro não reconhecer sua importância historiográfica e subjugar-se ao ineficiente aparato estatal. Entretanto, por ser um relato ufanista o livro parece refletir, em parte, a realidade atual, uma vez que os fatores dessa problemática estão relacionados com a falta de conhecimento e imparcialidade governamental ao não valorizar seu passado. Dessa modo, medidas  sociopolíticas devem ser debatidas e compreendidas.          Nessa circunstância, a educação de senso crítico é o fator principal no desenvolvimento de um país. Hoje, ocupando uma boa posição na economia mundial, seria racional acreditar que o Brasil possui um sistema de ensino eficiente. Contudo, a realidade é justamente o oposto, e esse contraste de desenvoltura é refletido na população. Sob esse âmbito, segundo o site UOL, justifica-se a realidade do brasileiro depreciar sua ancestralidade, já que apenas 0,3% do Produto Interno Bruto é destinado para a manutenção de bens materiais e imateriais. Dessa forma, uma analogia com a educação libertadora proposta por Paulo Freire torna-se possível, uma vez que defendia um ensino capaz de estimular a reflexão e em seguida libertar o indivíduo da situação a qual encontra-se sujeitado, o antipatriotismo.      Outrossim, ainda que a Constituição Cidadã assegure direitos imprescindíveis, faz-se primordial a fiscalização por parte das camadas sociais para um cumprimento efetivo de sua real função. Uma justificativa para esse policiamento é a cautela para que acontecimentos como o do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, não destruam a preservação histórica do país. Nesse sentido, consoante a visão do filósofo John Locke, não é dever do Estado proteger o cidadão do mal causado a si mesmo, e sim defendê-lo do que possam fazer contra ele, visto que negar o dever da manutenção cultural é, de fato, direcionar o gerenciamento à negligência. Dessa maneira, urge a necessidade de maior valorização ao patrimônio histórico para que o aparato estatal não seja um propulsor do descaso.      Convém, portanto, medidas para reverter tal situação. Desse modo, é preciso da atuação mútua entre Estado, educação e população. A esfera maior, por meio do Ministério da Cultura, deverá incentivar o enaltecimento dos monumentos, criando locais que relacionem a questão da identidade do indivíduo e a historiografia do país ao gerar o nacionalismo e sentimento de conservação cultural. É imprescindível também, que a escola ofereça uma disciplina de reflexiva, por intermédio de sua inclusão na Base Comum Curricular, causando impacto na construção coletiva. E a sociedade, por fim, necessita tomar conhecimento dessa problemática através de pesquisas autônomas para tornar-se o órgão regulador do meio. Assim,  a depreciação narrada por Lima Barreto será superada.