Materiais:
Enviada em: 31/07/2019

No ano de 2018, ocorreu um dos mais graves casos de negligência perante a preservação de patrimônios culturais na história do Brasil: o incêndio do Museu Nacional, que resultou na perda de um importante acervo museológico nacional e mundial. Ao destacar tal episódio, evidencia-se que há uma problemática resultante da falta de consciência coletiva sobre a importância da preservação e educação  patrimonial dentro de uma sociedade. Não obstante, soma-se à questão uma ineficaz gestão pública por parte do Estado quanto à proteção do patrimônio histórico e cultural. Por isso, é necessário não somente apontar a importância da herança histórica patrimonial brasileira, assim como denunciar uma negligência estatal perante a preservação de tal recurso, mas também apontar como tal problema afeta o corpo social.    Em primeira análise, é importante assinalar a necessidade da preservação e valorização do patrimônio histórico, tal como abordar o papel fundamental da educação patrimonial na sociedade. Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu, o conceito de habitus consiste no processo de socialização, no qual são incorporados modos de vida, sob influência de agentes externos e individuais - o que estabelece uma íntima proximidade entre o estilo de vida individual e o comportamento coletivo. A partir do conceito de habitus, infere-se que o patrimônio cultural representa a materialização dos estilos de vida e valores da sociedade em diferentes períodos históricos e, por isso, necessita de proteção a fim de manter um vínculo entre os indivíduos e sua identidade nacional. Além disso, o descaso com o patrimônio material, representado pelo incêndio do Museu Nacional, demonstra uma falta de consciência coletiva dos indivíduos perante a importância da preservação da herança histórica, uma vez que grande parte dos indivíduos não se comoveram com o episódio, ou sequer compreenderam a gravidade do problema. Logo, torna-se necessário promover uma efetiva educação patrimonial nas escolas brasileiras - uma vez que, com a conscientização coletiva, os indivíduos passarão a valorizar o patrimônio público e lutar pela proteção do acervo nacional.    Outra questão importante, a ser discutida, é a questão da negligência do Estado perante a manutenção do patrimônio material. A partir de um olhar filosófico, Aristóteles afirmou que o homem é um “animal politico”, naturalmente habituado a viver em sociedade e promover um bem comum entre seus semelhantes. Entretanto, ao evidenciar um descaso dos representantes políticos perante a questão patrimonial, infere-se que há um desleixo quanto ao dever da realização  de um bem comum, ou seja, de proteger e preservar o patrimônio material, a fim de manter a herança histórica intacta e valorizar a identidade cultural, que promove a conexão entre indivíduo e sociedade. Com isso, conclui-se que é essencial uma gestão pública eficiente na manutenção do patrimônio nacional, pois assim é possível manter uma interação entre sociedade e sua cultura, a fim de proteger a identidade cultural nacional.