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Enviada em: 25/07/2019

Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu, ainda que cada sujeito possua sua individualidade, esta se entrelaça no contexto social dos diversos grupos e instituições das quais participa. Ao considerar esse olhar como ponto de partida para a preservação do patrimônio cultural brasileiro, é nítida a influência de grupos e de instituições sobre a construção desse problema. De modo que, torna-se pontual não apenas questionar como o descaso governamental dificulta sua preservação, mas também analisar seus impactos no organismo social.        Em primeira observação, é importante compreender como a falta de interesse estatal em gerir museus e acervos históricos dificulta sua preservação. Atesta-se, nesse viés, a concepção de Bourdieu, na medida em que essa instituição tem efeito sobre essa deficiência de preservação no contexto atual brasileiro. Cabe salientar, também, a negligência dessa atividade, a exemplo não só do recente incêndio no Museu Nacional, mas também do incêndio do início do século XXI no Instituto Butantan, pela falta de reconhecimento popular e por não movimentar grandes quantias de capital, afastando cada vez mais o poder público dessa prática. É inegável, portanto, a necessidade de uma participação mais ativa do governo na preservação do patrimônio cultural brasileiro.       Outro ponto relevante, nesse cenário, é como o contexto pós-moderno age de modo a dificultar o combate à problemática. Nessa perspectiva, constata-se a ótica de Zygmunt Bauman, pois, em sua obra "O mal-estar na pós-modernidade", o pensador advoga que o indivíduo age de maneira irracional por ser vitimado pela cegueira moral. Isso significa que a sociedade não alerta seus indivíduos para reconhecerem o patrimônio cultural como um fortalecedor dos vínculos sociais da nação como um todo, por possuírem um passado em comum, não os atentando para a real necessidade de preservação desse bem. Configura-se como determinante, portanto, a maior participação popular na reivindicação da preservação histórica brasileira.       Haja vista as problemáticas decorrentes da negligência de preservação do patrimônio no Brasil, é mister a implantação de medidas para detê-las. A princípio, é fundamental que o Ministério da Cultura fomente a criação e a manutenção de museus pela criação de novas diretrizes institucionais, para, desta maneira, atrair o poder público a essa iniciativa, favorecendo a preservação histórico-cultural brasileira. Ademais, cabe ao Ministério da Educação a criação de propagandas em mídias tradicionais, como televisão aberta e rádio, que estimulem o reconhecimento popular do patrimônio como algo fortalecedor da cultura geral, conscientizando-os e levando-os a terem uma participação mais ativa frente à essa problemática. Com essas iniciativas, espera-se que o agrupamento social, proposto por Bourdieu, possa conduzir a relações mais humanizadas.