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Enviada em: 14/08/2019

Conforme Nildo Lage, a cultura de um povo é o seu maior patrimônio. Contudo, no Brasil hodierno, é possível perceber que a máxima do pensador não é vista com notoriedade, pois, em pleno século XXI, há entraves no que tange à preservação do patrimônio histórico cultural brasileiro. Essa problemática, persistente na realidade nacional, é fruto da negligência governamental e do descaso da população.       A priori, vale ressaltar que a ineficácia legislativa corrobora o continuísmo da conjuntura. Segundo o filósofo John Locke, é dever do Estado zelar pelos direitos dos indivíduos. Entretanto, embora a Lei Rouanet, prevista na Constituição Federal, vise à assegurar a preservação do Patrimônio para a humanidade, a ausência de investimentos nesse setor impede a aplicabilidade da cláusula. Tal fato é ratificado quando observa-se o incêndio ocorrido no Museu Nacional brasileiro, que revela o descaso do Poder Público no que diz respeito à manutenção e conservação desses espaços. Desse modo, é indubitável o reforço da prática da regulamentação para superar a adversidade.       Outrossim, a mentalidade social favorece a permanência da contrariedade. Durante a primeira geração romântica da literatura, foi priorizada a formação e valorização da identidade nacional. Entretanto, na contemporaneidade, ocorre o processo inverso, pois o brasileiro, baseado em uma referência dominante perpetuada pela Indústria de Massa, acaba não valorizando a sua própria cultura, sendo essa inferioridade intitulada pelo Escritor Nelson Rodrigues como "complexo de vira-lata". Assim, a desvalorização dos elementos locais afeta a questão do patrimônio, agravando o problema no país.        Portanto, medidas que visem a auxiliar a preservação do Patrimônio histórico cultural brasileiro são imprescindíveis. Para isso, urge que o Poder Executivo, em consonância com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, invista em reformas e ampliações dos acervos e heranças da história do país, a fim de preservar e garantir o acesso a mecanismos de valorização identitária. Ademais, o Ministério da Educação necessita instituir na grade curricular das escolas, do ensino fundamental ao médio, uma matéria voltada para o estudo dos elementos culturais da nação, por meio de leituras e peças teatrais, com o intuito de criar nos indivíduos um sentimento de nacionalidade e reconhecimento dos costumes e histórias locais. Destarte, a percepção dos cidadãos será semelhante a de Nildo Lage e um futuro melhor poderá ser vislumbrado.