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Enviada em: 07/08/2019

No Brasil, em decorrência da falta de criticidade de muitos cidadãos, tornou-se corriqueira a compreensão de que a mobilidade urbana não afeta drasticamente a dinâmica atual. No entanto, embora essa perspectiva permaneça no senso comum, naturalizando esse modo de pensar, é preciso notar o quanto esse ponto de vista é ingênuo ao desprezar aspectos econômicos e sociais e isentar o indivíduo da culpa ao culpar o coletivo.    Saber de quem cobrar investimentos nesse setor é necessário para melhor sua qualidade. A falta de infraestrutura é um dos maiores problemas urbanos. Esses entendimentos sobre transportes públicos, mesmo que simplistas, tendem a ressaltar fatores como uma crise política que foi começada por reinvindicações por melhorias na área de deslocamentos coletivos em 2013. Em geral, quando a sociedade não se predispõe a assumir posturas críticas e sensatas, toda a atualização de valores fica propensa a exaltar padrões de conduta nocivos e desvirtuados que banalizam tal problema. Como se não bastasse, há de se atentar, também, à forma perniciosa como diversos segmentos sociais se comportam diante desse assunto, ao desprezarem os constantes aumentos nas taxas desses modos de locomoção mas a não aplicação desses fundos para qualificar os modais.     Por conta disso, no debate acerca da condução pública, é preciso enfatizar a urgência do investimento em um maior senso de corresponsabilidade coletiva. Dessarte, em consonância com as ideias da Teoria da Coesão Social, de Durkheim, e do poeta John Donne, não se deve perguntar por quem dobram os sinos, deve-se notar que dobram por todos. Desse modo, é possível evitar a proliferação de posturas meramente acusatórias que, além de desprezarem a atuação pouco eficaz ou inexistente de agentes públicos, também agenciam o aborto de sonhos e o assassinato de esperanças, ao passo que essa questão impacta na vida, seja ao alterar a rotina da população ou ao implicar em uma estrutura precária que é origem de muitos acidentes. Sob essa égide, mais do que se eximir da culpa para apontar culpados, os brasileiros devem atentar-se ao seu poder de ingerência e resolução.    Sem dúvidas, quando restrita a fatores inoportunos, qualquer iniciativa contra os problemas em transportes coletivos e da mobilidade urbana está fadada ao insucesso. Assim, faz-se necessário que o Estado, por meio da parceria entre os Ministérios do Desenvolvimento Social e dos Transportes, invista na infraestrutura para a maior alternativa de modais, além de cobrar das empresas contratadas municipalmente a garantia da qualidade do aparato em circulação, o que estimula a inversão do paradigma atual. Afinal, parafraseando o filósofo grego Heráclito, a mudança deve ser o princípio fundamental de tudo.