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Enviada em: 14/06/2017

Os problemas do transporte público são, até para os olhos menos atentos, uma das chagas da sociedade brasileira. Suas raízes estão no processo de industrialização do Brasil, que ocorreu de forma tardia e resultou na urbanização não planejada da maioria das cidades. As pessoas menos abastadas só conseguiram moradias em zonas periféricas, por causa de uma supervalorização imobiliária nas regiões centrais. Infelizmente elas possuem diariamente, seu direito de ir e vir apartado. Assim, cabe análise da depreciação do transporte público e de sua infraestrutura. Em primeiro lugar, é evidente que os veículos públicos nunca tiveram o mesmo privilégio que os carros. No governo de JK, foram construídas inúmeras vias, com intuito de incentivar a compra de carros. Logo, esse passou a ser sinônimo de ascensão social, caracterizando a sociedade de consumo, definida pelo filósofo Lipovetsky. De fato, os brasileiros possuem essa herança de uma cultura rodoviarista, que é pautada no individualismo e na sacralização do automóvel. Por conseguinte, falta investimentos em outros modais mais favoráveis, desconsiderando as condições básicas de vivência dos cidadãos e de sustentabilidade que uma cidade com harmonia precisa. Ademais, a infraestrutura e gestão do transporte público integralmente são insatisfatórias. Segundo uma pesquisa realizada pelo Ibope, 61% dos paulistanos deixariam o carro se o transporte público fosse de qualidade. Devido a um desequilíbrio entre oferta e demanda, a lotação e os atrasos são comuns. As condições de segurança, conforto e estrutura que se encontra diversas estações, terminais e calçadas no país, desestimulam o uso do transporte público. Ainda por cima, há a cobrança de tarifas relativamente altas se comparadas com os serviços. Por isso que os indivíduos, também orientados por um desejo lacaniano, optam pelo carro, mesmo que leve a danos como: aquecimento global, congestionamentos, poluição sonora, acidentes de trânsito e entre outros. Pode-se perceber, portanto que, o transporte público brasileiro enfrenta vários desafios. Diante da gravidade e expansão do tema, é necessário que o escola realize debates e palestras sobre os transtornos que o carro acarreta aos grandes centros e ao mundo, com intuito de desvenerá-lo. Com o mesmo interesse, o Estado deve priorizar o investimento em ônibus, metrôs, e trens, implantar pedágios urbanos e aumentar a taxa sobre os veículos individuais. Aliás, deve promover a integração dos modais, aumentar a frota, melhorar a segurança e infraestrutura. Isso tudo por meio da contratação de pessoas capacitadas para trabalhar na área e da utilização de bons materiais para a construção de um sistema que satisfaça as necessidades de mobilidade urbana de todos os brasileiros. Quem sabe assim, o bom transporte público deixe de ser uma utopia para o povo.