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Enviada em: 22/10/2017

Sonho ufanista        Na obra pré-modernista “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, do escritor Lima Barreto, o protagonista acredita fielmente que se superados alguns obstáculos o Brasil projetar-se-ia ao patamar de nação desenvolvida. Hodiernamente, é provavel que o major Quaresma desejasse pôr fim às deficiências do transporte público, lamentáveis falhas que atentam contra o direito de ir e vir. Esse cenário perdura, principalmente, pela inobservância do estado somada à cidadãos já familiarizados com o problema.         Em primeiro lugar, é notório que o a negligência do governo esta na origem do problema. De acordo com o economista inglês John Maynard Keynes, é dever do Estado suprir as necessidades basicas de seus cidadãos e assegurar-lhes o bem-estar. Contudo, o poder público vem há décadas ignorando sua responsabilidade de prover um transporte eficiente nas grandes metrópoles e, por esse motivo, milhares de indivíduos convivem com passagens caras, metrôs lotados, poucas linhas de ônibus e frotas ultrapassadas. Por conseguinte, uma mudança nesse panorama requer que o Estado assuma um papel mais ativo no setor.        Além disso, a cronicidade do problema é um entrave à resolução desse fenômeno. Segundo o poeta e dramaturgo francês Victor-Marie Hugo, entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há certa cumplicidade vergonhosa. À vista disso, pode-se afirmar que o fato de grande parte da população ter se habituado com a situação – por esta já existir há décadas no pais – deve ser encarado como motivo de vergonha pois, em certa intensidade, esse comportamento da liberdade para que o Estado e a iniciativa privada continuem tratando o setor com descaso.         Denota-se, portanto, que reformar o transporte público urbano constitui um sério desafio para o país. Às igrejas e sindicatos, importantes aglutinadores sociais, compete exigir do Estado mediante protestos e abaixo-assinados que o Ministério dos Transporte arque com a ampliação da malha metroviária urbana, construindo novas linhas entre a periferia e o centro, objetivando desafogar as linhas de ônibus. Paralelamente, a mídia, grande influenciadora, deverá informar a população sobre alternativas para a mobilidade urbana mediante veiculação de comerciais didáticos em horário nobre, com o intuito de engajar a população na luta por um transporte mais eficiente. Assim, com Estado e sociedade civil e unindo forças em prol de um país mais justo e humano, o sonho ufanista do major Quaresma estará mais próximo de tornar-se realidade.