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Enviada em: 20/09/2017

De acordo com os arquitetos e autores Merel Pit, Karel Steller e Gerjan Streng, as cidades são como organismos vivos cujo sistema físico é a infraestrutura. Para eles, quem preenche e tem expectativas sobre essa parte física são as pessoas, as quais compõem o sistema mental urbano. Para que as expectativas dos habitantes sobre o lugar sejam atendidas, o segmento estrutural precisa funcionar bem. No Brasil, muitos fatores, porém, estão aquém do necessário, fazendo com que a população seja prejudicada. O sistema de transportes brasileiro é um desses elementos com problemas, uma vez que a mobilidade urbana é limitada e precisa melhorar.       Em primeiro lugar, é notória a grande quantidade de veículos circulantes nas ruas, devido ao processo histórico brasileiro e à falta de intermodalidade. Juscelino Kubitschek (JK) deu início à ampliação do modelo rodoviarista ao abrir o país para o capital estrangeiro e ao permitir a entrada de empresas maquiladoras automobilísticas. Os presidentes seguintes também colaboraram para o processo, como o Lula, ao facilitar a compra de carros. Isso foi positivo por um lado, mas houve pouca preocupação com o meio ambiente; faltou investir em outros modais e em transporte público, que é menos poluente por ser coletivo e pode melhorar a fluidez do trânsito. Essas falhas reforçam ainda mais a preferência ao uso de veículos individuais por parte da população.       Além disso, é também importante pensar que o governo foca no deslocamento de mercadorias no que diz respeito ao investimento em transporte. JK, por exemplo, ao adotar o modelo rodoviarista, priorizou a circulação de objetos, e não de pessoas. Nesse sentido, as vias de locomoção humana urbana estão deixadas de lado, com obras inacabadas, prejudicadas pela falta de planejamento e com baixa acessibilidade para todas as pessoas, uma vez que têm altas tarifas e nem sempre atendem a uma grande área, o que agrava a questão da mobilidade.       Tendo em vista a atual conjuntura, é evidente que medidas precisam ser tomadas. Para que exista uma flexibilização e o modelo rodoviarista - correspondente ao trânsito de mercadorias e de pessoas - não permaneça com tamanha prevalência, é fundamental que exista um maior investimento em outros modais. Melhorar ferrovias e metrôs é uma ótima medida, uma vez que diversificaria a malha viária como um todo - o que refletiria em uma melhoria também no tráfego de materiais. Em prol disso, o Ministério do Transporte pode trabalhar em um planejamento, revisando obras já existentes e organizando novos projetos que funcionem adequadamente, focando, inclusive, em acessibilidade; o transporte deve atender confortavelmente o maior número possível de pessoas e ter um preço justo. Assim, fomentar a intermodalidade pode colaborar para estabelecer uma maior ordem urbana.