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Enviada em: 17/08/2019

O Fundo Amazônia, criado em 2008, visa a contribuição voluntária dos países para promover ações de conservação e uso sustentável no bioma amazônico. Esse fundo já angariou bilhões de reais e 90% das doações advêm da Alemanha e Noruega. No entanto, esses países, diante do posicionamento do atual governo brasileiro a respeito do desmatamento do Brasil, suspenderam o repasse de milhões para a organização. Assim, o dever de proteção da Floresta Amazônica está sob a direção brasileira. Contudo, a proteção ambiental para o atual governo brasileiro não é prioridade. Ao contrário, reforça-se a ideia de que é necessário afrouxamento da fiscalização em prol da produtividade. Por exemplo, o Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles declarou que a Floresta necessita de "soluções capitalistas" que deem dinamismo econômico à região. No entanto, a nova gestão não fala em promoção do desenvolvimento econômico de maneira sustentável, pois diante da suspensão do envio de milhões de reais daqueles países ao Fundo, o presidente Bolsonaro declarou, em tom de ironia e descaso, que a primeira ministra alemã, Merkel, poderia se utilizar desse dinheiro para reflorestar a Alemanha. Consequentemente, o monitoramento do bioma fica ameaçado devido a uma suposta promoção da economia. Contudo, para o secretário-executivo do Observatório do Clima Carlos Rittl a área desmatada na Amazônia é utilizada para especulação imobiliária e não produz riqueza para o País. Porque, segundo ele, a região de desmatamento corresponde a duas vezes o território da Alemanha e 63% dessa área é coberta por pastagens de baixa produtividade. Além disso, Rittl afirma que um quarto da zona de desflorestamento está abandonada, ou seja, a flexibilidade na supervisão da Floresta não é sinônimo de produtividade e riqueza.  Ademais, a gestão brasileira acredita que as leis ambientais do País são rigorosas e necessitam ser revisadas. Entretanto, segundo o estudo "O futuro incerto das terras e águas protegidas" da revista Science, publicado em junho, dentre os nove países cobertos pelo bioma amazônico, o Brasil é o que mais altera leis que protegem a Floresta Amazônica e a maioria das mudanças destinam-se à diminuição das áreas protegidas. Logo, as leis ambientais não são tão rígidas como se afirma. Diante disso, o Ministério do Meio Ambiente precisa atuar em prol, sim, do dinamismo econômico da região, mas por meio da produção agroflorestal (sistema que reúne as culturas de importância agronômica em consórcio com a floresta) cuja finalidade é a sustentabilidade. Além disso, o mesmo rigor técnico e científico para a criação de áreas protegidas devem ser aplicados para as mudança de leis ambientais para que questões ambientais não fiquem só a mercê de interesses econômicos.