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Enviada em: 20/08/2019

Para o escritor inglês Huxley, os fatos não deixam de existir quando são ignorados. Com base nessa premissa, percebe-se que apesar de tentar omitir informações, o governo brasileiro ainda falha em proteger a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. É visível, então, que a questão ambiental vigente cabe tanto ao Brasil como ao resto do mundo, mas é limitada pela aversão nacional a uma política ambientalista, e um relativo desprezo ao apoio internacional.       Em primeira análise, é viável ressaltar que o Estado brasileiro tem, como chefe do Executivo, um presidente o qual acredita que não há desmatamento na Amazônia e que o agronegócio deve permanecer avançando. Para tal, estimulou a liberação desenfreada de agrotóxicos, muitos dos quais são proibidos na União Europeia e Estados Unidos, além de limitar em quase 25% a verba da pasta ambiental, o que pôs em cheque a atuação de entes com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA). Por fim, há, inclusive, a silenciação de pesquisadores, como o ocorrido com o ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Assim, evidencia-se o quão pouco tem se investido na preservação e manutenção amazônica.       Concomitantemente, o Brasil tem se mostrado avesso às cobranças internacionais relacionadas à negligência dos cuidados da sua maior floresta tropical, bem como tem desmerecido o suporte recebido. Nesse cenário, aliados que buscam estimular financeiramente o país, por reconhecerem a imensa importância desse território para o mundo como um todo, por meio do Fundo Amazônia têm deixado de contribuir -como é o caso da Noruega e da Alemanha- já que os resultados não aparecem. Com isso, não só o presidente, mas, também, o ministro do meio ambiente passaram a desferir críticas infundadas quanto aos países supracitados, chegando a apelarem a teorias conspiratórias e publicação de fake news no Twitter oficial de Jair Bolsonaro. É mais que notório o quão ineficaz o afastamento de aliados é tanto para a economia quanto para a manutenção do vasto território florestal.       Desse modo, avulta-se a necessidade por mudanças. Compete ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) o papel de buscar acordos entre os doadores do Fundo Amazônia e a maior fiscalização do uso de suas verbas por meio de reuniões e coleta de dados, respectivamente. Assim, talvez, o país voltasse a receber mais ajuda externa, facilitando o cumprimento da proposta do Fundo, e as despesas seriam contabilizadas mais eficazmente, o que evitaria possíveis desvios ou gastos excessivos. Ademais, é função do Ministério da Agricultura e do MMA estimular a aplicação de métodos sustentáveis ao agronegócio, por meio de auxílios fiscais àqueles que se adequarem. Tomadas tais medidas, quiçá, o Brasil mostraria ter entendido a premissa de Huxley e deixaria de tentar omitir informações.