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Enviada em: 31/08/2018

A prostituição, apesar de estar englobada na sociedade desde os tempos mais remotos, ainda é tratada como um tabu. Na Grécia Antiga, o tema era um assunto do Estado: crianças escravizadas viviam em bordéis monopolizados por Sólon, e serviam de atrativos para homens da elite e visitantes de Atenas. Contudo, com o passar dos séculos, a atividade passou a se afastar do viés estatal e se direcionar à marginalização. No Brasil, destaca-se os perigos da profissão para travestis e transgêneros e, conjuntamente, como o a chegada de novos imigrantes corrobora para o aumento na exploração.      A princípio, evidencia-se a maior sujeição desses profissionais do sexo à violência de gênero e como a exclusão alimenta essa economia. A Rua Augusta, em São Paulo, possui fama nacional e internacional pela grande incidência de venda de sexo, consumo de drogas e pelo cenário ''underground'' remanescente dos famosos bares dos anos 60, e que agora é tomado, especialmente, por travestis e transsexuais. Dessa forma, essas pessoas minadas de oportunidades no mercado formal de trabalho, vítimas do abandono familiar e do preconceito, vêem nas ruas e prostíbulos a chance de garantir seu sustento. Conquanto, são expostas, diariamente, à violência na forma de agressões físicas e verbais, violações e, até mesmo, homicídios, todos resultantes da transfobia arraigada no seio da sociedade brasileira, que, atualmente, é a que mais mata pessoas desse gênero no mundo.      Outrossim, a preeminência do viés capitalista faz com que seja necessário para todos os indivíduos a venda de sua força de trabalho para obter o seu ganha-pão. Entretanto, em locais onde predomina a miséria, a precariedade e a diminuta oferta de emprego, torna-se preciso a venda do próprio corpo no mercado do sexo, fato que vem ocorrendo com maior intensidade na região Norte. Recentemente, em decorrência da crise de refugiados venezuelanos, chegou aos estados de Roraima e Amazonas, um grande contingente em busca de melhores condições de vida. Todavia, a incapacidade do mercado local em absorver a demanda fez com que essa atividade crescesse substancialmente entre os imigrantes, como forma de manterem-se no novo país e ajudarem suas famílias além da fronteira.      A prostituição no Brasil relaciona-se, sobretudo, à forma encontrada para a sustento de pessoas não englobadas na sociedade formal e traz consigo inúmeros riscos. Cabe, portanto, a adoção de medidas capazes de reduzir o infortúnio. Logo, cabe ao Estado, em consonância com as prefeituras, uma maior atenção às vítimas de violência nas ruas e o incentivo à continuidade nos estudos em busca de uma qualificação profissional, com a instituição, por exemplo, de cotas para pessoas trans em grandes empresas. Bem como, é necessário avaliar e subsidiar meios para atender os refugiados, como a promoção de abrigos, alimentação e a tentativa de realocação em regiões com oferta de trabalho.