Materiais:
Enviada em: 07/09/2018

O escritor cearense José de Alencar, no Brasil, inaugurou, com o romance Lucíola, no século XIX, a crítica acerca da prostituição em função de processos de estratificação social. De forma análoga, o escritor francês Victor Hugo, em Os Miseráveis, trabalha com a personagem Fantine, uma costureira, cujas relações com membros da burguesia carregam-na para uma vida paupérrima. Nesse sentido, é mister debater, no cenário brasileiro, sobre as questões em relação a tal mazela, bem como pontuar possíveis medidas no que concerne à resolução dessa problemática.             Sobretudo, a assinalar os seus principais pontos, compreende-se a discussão no que diz respeito ao aborto, posto que muitas mães não possuem recursos financeiros para sustentar as crianças geradas a partir de programas. Dessa forma, no Congresso, circulam projetos, os quais apoiam a legalização do aborto, mas também, outros que visam à sua proibição. Sem embargo, como acordou o doutor Drauzio Varella, em uma entrevista concedida ao jornal Nexo, a bancada legislativa é constituída, majoritariamente, por homens, os quais desconhecem a realidade pela qual passam as mulheres, quer seja biológica, isto é, a gravidez, quer seja social, ou seja, o preconceito vinculado às mães solteiras, pois criam seus filhos em uma sociedade estritamente machista.                 De igual forma, a má distribuição de renda aliada à péssima infraestrutura educacional do país corroboram o processo de transformação do corpo em mercadoria. Dito isso, o Iluminismo, para o filósofo alemão Jürgen Habermas, não se findou com a Era das Revoluções – Americana, Francesa e Industrial –, contudo, possibilitou ao homem um olhar racional para os fundamentais problemas de uma sociedade urbana, cuja formação, por intermédio do êxodo rural, era recente. Por conseguinte, narrativas, como a de Hugo, na França, mas também, a de Alencar, no Brasil, tematizam acerca disso. Entretanto, é lamentável que, passados quase duzentos anos de escritas, elas refletem um problema contemporâneo em nosso país, já que a renda, concentrada nas mãos de poucos, exclui os demais cidadãos de usufruírem da dignidade humana, e a educação, relegada ao segundo plano, como elucidou, em entrevista ao programa Roda Viva, o ex-ministro, Mendonça Filho, não é a principal pauta do orçamento, outrossim, de políticas públicas.             O combate à prostituição, portanto, reivindica medidas efetivas para que, dessa forma, tais romances sejam tão-só a reprodução do passado. Para este engenho, o Governo deve, nas figuras dos Ministérios da Educação e do Trabalho, proporcionar mecanismos de formação profissional por meio de palestras e cursos técnicos, os quais objetivem a entrada desses indivíduos em um mercado formal, com o apoio de entidades em relação à abertura de campos de estágio para os recém-formados. Com isso, espera-se que o Brasil dirima tal imbróglio e erga-se como uma grande nação.