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Enviada em: 06/09/2018

Na antiga civilização romana, a questão da prostituição era tratada com naturalidade, uma vez que os governantes consideravam-a uma prática normal e detentora de direitos igualitários no que tange o exercício do trabalho. Ademais, as profissionais dessa área dispunham a possibilidade de mobilidade social e, em muitos casos, tornavam-se parte da elite. Em contrapartida, a hodiernidade enxerga esse meio de ganho com olhares preconceituosos e os indivíduos que o efetivam são considerados - erroneamente - uma camada social não merecedora de apanágio humanizado. Dessa maneira, observa-se uma defasagem governamental em abordar a temática de modo ético e moral, reverberando prejulgamentos nocivos a essas pessoas.  É importante ressaltar que a decisão de optar por esse emprego está associada, diretamente, ao desejo universal de autonomia. O ser humano carrega em si a vontade de se emancipar e, portanto,  seguindo esse viés, anseia possuir a garantia de direitos. Atrelado a isso, encontra-se a prostituição que, inicialmente, promove uma independência e segurança financeira. Nesse sentido, há um contingente de mulheres e homens entrando no ramo - todavia, aliado a ideários patriarcais, afeta, primordialmente, o sexo feminino. Majoritariamente, a entrada de indivíduos nesse meio é impelida pela pobreza, culminando, em um vertiginoso acesso a esse setor empedernido e preocupante.  Concomitantemente a isso, vale elucidar a vultuosa presença de transexuais nessa área. Com raras oportunidades de emprego e sem legislação específica, 90% destes recorrem à prostituição. Esse dado revela uma visão segregacionista por parte da sociedade que dispõe de uma mentalidade retrógrada tangente à inserção de pessoas abandonadas pelo legislativo e judiciário. Por outro lado, a existência de atitudes contraproducentes corrobora para a marginalização dessa profissão e a negligência social, governamental e midiática em tratar a problemática atenua a inexistência de subsídios civilizados.   Torna-se evidente, a partir do que foi supracitado, que o entendimento popular acerca do tema é o principal impulsionador do problema. Dessa forma, é necessário que o Poder Legislativo crie leis que visem garantir a esses indivíduos direitos humanizados, éticos e morais perante à sociedade que tanto os descrimina. Ademais, a mídia deve, semanalmente, informar a população sobre a existência destas e veicule em séries, filmes e novelas debates que abordem a temática como dever social. Além disso, o Ministério da Saúde deve atuar por meio da realização de campanhas que cuidem, exclusivamente, da saúde desses profissionais. Indubitavelmente, como nas antigas civilizações, a contemporaneidade deve tratá-los como seres humanos bons e iguais, que, sobretudo, estão tentando subsistir. Por fim, a população canarinha, finalmente, fazer-se-á aplicadora da Constituição Cidadã.