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Enviada em: 23/10/2018

Corpo Silenciado            Em 1998, o país passou por um grande choque de realidade quando a prostituta Nicole foi, até então com 22 anos, arrastada por 16 quilômetros, até a morte. A visão de uma prostituta como passível de sofrer violência está arraigada na cultura extremamente sexista do país, evidenciada na frase "Como a prostituta sofre violência se o cliente está pagando?". Dessa forma, é preciso enxergar o quanto a violência de gênero está presente na sociedade atual e efetivar medidas para sua dissolução.            Em um primeiro plano, deve-se entender que a banalização da violência contra profissionais do sexo gera uma série de problemas sociais na vida de todas que dependem do serviço. Nesse sentido, uma sociedade machista em que a mulher não é consciente de seus direitos torna-se o ambiente ideal para o abuso físico e psicológico pelos parceiros sexuais e clientes dela. Logo, faz-se necessário uma ampliação em área de atuação de ONGs, como a ONG Vitória Régia, que busca, por meio de palestras, promover a cidadania e a defesa dos direitos das garotas de programas, além de assegurar o papel da Segurança Pública na defesa das prostitutas brasileiras que sofrem com a violência física e psicológica.            Entretanto, ainda que represente uma voz àquela minoria considerada imoral pelos setores da sociedade, ONGs não podem reverter as causas, a priori, da prostituição no país. Segundo dados da FUMEC (Fundação Mineira de Educação e Cultura), 70% das meretrizes não possuem qualquer  nível profissionalização, o que as obriga, muitas vezes, a trabalhar no setor informal do mercado de trabalho mesmo quando não estão se prostituindo. Para amenizar tal quadro, o Ministério da Educação, junto com os Governos Estaduais, pode oferecer cursos técnicos de profissionalização remunerados para todas as mulheres que não conseguiram se estabelecer no setor formal da economia, já que, muitas vezes, exercem o meretrício desde a adolescência.            Torna-se evidente, portanto, que o país precisa regularizar e defender toda uma camada da sociedade que sofre com o machismo e a falta de oportunidades. Com esse objetivo, além das medidas anteriormente citadas, a criação de um "Disque Denúncia" contribuiria para a defesa dessa minoria, além de assegurar um direito justo a quem for vítima de violência física e moral no exercício da profissão de prostituta, sendo dever das ONGs, como a Vitória Régia, em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública, a criação desse sistema. Com a sociedade ciente da dificuldade de quem só possui alternativa na venda do corpo para a garantia da sobrevivência, a reação pelo fim do machismo e da desigualdade no país certamente será agilizada.