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Enviada em: 29/09/2018

Na obra pré-modernista “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, do escritor Lima Barreto, o protagonista acredita fielmente que, se superados alguns obstáculos, o Brasil projetar-se-ia ao patamar de nação desenvolvida. Hodiernamente, é provável que o major Quaresma desejasse pôr fim às adversidades decorrentes da prostituição, lamentáveis falhas que atentam contra o direito de ir e vir. Esse cenário perdura, principalmente, pela inobservância do Estado somada à postura conivente dos cidadãos já familiarizados com o problema.   A princípio, a Constituição Cidadã de 1988 promove o princípio da igualdade e da dignidade da pessoa humana, todavia, o Poder Executivo não efetiva esse direito. Consoante Aristóteles no livro "Ética a Nicômaco", a política serve para garantir a felicidade dos cidadãos, logo verifica-se que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil à medida que a desigualdade social do país, isto é, a existência de um sistema econômico falho corrobora o aumento da prostituição- segundo a Fundação Mineira de Educação e Cultura, FUMEC, 28% das mulheres estão desempregadas e 55% necessitam ganhar mais para ajudar no sustento da família-, fazendo os direitos permanecerem no papel.   Outrossim, nota-se que aceitar a prostituição é banalizar o mal. Segundo o Índice Integrado de Desenvolvimento Social (IIDS), lançado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 450 das 500 mulheres entrevistadas em postos de prostituição alegaram já terem sofrido algum tipo de violência seja física ou psicológica. A  banalização da mulher na sociedade pode comprometer o entendimento da realidade em que o indivíduo está inserido, dificultando a conquista da cidadania plena. Porém, parte da sociedade tem aceitado esse quadro crítico sem questionar. A naturalização desse problema pode ser explicada a partir dos estudos da filósofa Hannah arendt, visto que, devido a um processo de massificação, as pessoas estão perdendo a capacidade de julgar o que é certo e o que é errado.