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Enviada em: 19/10/2018

O filme “Uma linda mulher” retrata a história de Vivian, uma prostituta que vive em Nova York. No clássico, a personagem, protagonizada por Julia Roberts, vê seu destino se transformar após ser contratada como acompanhante de um milionário. Embora a ficção apresente um desfecho positivo, a realidade caminha, em sua maioria, na direção contrária. Responsável pelo aumento da exploração infantil, do risco de contração de doenças e da violência contra a mulher, a prostituição se constitui como um revés coletivo visto que os indivíduos relacionados a ela recorrem à profissão devido aos entraves sociais que vivenciam.        Numa primeira instância, observa-se a importância de analisar o problema sob um viés econômico. O desemprego, a pobreza e a falta de oportunidades são fatores determinantes para o aumento da prostituição. Uma pesquisa realizada pela pela Universidade Federal de Goiás em 2015 revela que a cada 100 profissionais do sexo, 70 são responsáveis pelo sustento dos filhos, pais ou cônjuges. Ademais, o estudo concluiu que a maioria dos indivíduos que oferecem favores sexuais em troca de dinheiro apresenta baixo nível escolar, não possui profissionalização e está desempregada. Desta forma, na escassez de qualificação e oferta de emprego, a entrada na prostituição se concebe como uma alternativa para solucionar problemas relacionados ao setor financeiro.      Outrossim, o estigma social que contorna a prostituição no Brasil acentua a conjuntura exposta. Pautada nos traços culturais e históricos do conservadorismo, a discriminação se constitui como um dos principais obstáculos na superação de questões como a prostituição. Nesse sentido, observa-se que a ausência de um olhar abrangente sobre os impactos físicos e psicológicos da violência sexual se reflete na acentuação de uma segregação social. Além disso, o comportamento passivo de grande parte da sociedade diante das disparidades sócio-econômicas é responsável pela marginalização dos indivíduos envolvidos nesse contexto.      Infere-se, portanto, a necessidade de medidas capazes de atenuar os problemas relacionados à prostituição no Brasil. A intervenção do Estado em prol do pleno exercício da cidadania a todos brasileiros se torna concebível a partir da criação de programas de incentivo à manutenção de empregos e cursos de qualificação; tais medidas devem se destinar, especialmente, à população de maior fragilidade econômica. Somado a isto, é imprescindível que o Ministério da Educação promova palestras e debates pautados na importância de eliminar a discriminação de indivíduos envolvidos no âmbito da prostituição. Por fim, cabe à mídia a elaboração de campanhas, propagandas e a abordagem do tema nas novelas e séries com o fim de conscientizar a população e romper estigmas existentes.