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Enviada em: 09/10/2018

''Marcela amou-me durante quinze meses e onze conto de réis''. Assim escreveu Machado de Assis, no livro Memória Póstumas de Brás Cubas, ao ironizar situações de prostituição no Brasil do século XIX. Embora distante pelo momento histórico, tal problemática faz-se presente na sociedade moderna e segue permeada por tabus que impedem a discussão de meios para combater tal prática. Entre os fatores que contribuem para sua perpetuação encontram-se as desigualdades socioeconômicas aliadas à má distribuição de renda e falta de um sistema educacional eficiente que proporcione oportunidades para um mercado de trabalho extremamente competitivo.                 A princípio, vista como a “profissão mais antiga do mundo”, a prostituição está inserida no contexto de todas as sociedades, ocidentais e orientais desde os tempos mais remotos. Nesse contexto, muitas mulheres entram para o mundo da prostituição muito cedo, às vezes até mesmo incentivada pela própria família, que busca recursos financeiros e a coloca em uma situação de violação da sua integridade. Além disso, muitos veículos de comunicação promovem uma valorização exagerada do corpo e da sexualidade, ao exibir a mulher como se fosse um produto. Segundo a revista Inside Brasil as estratégias de comercialização do “corpo” são variadas e apresentam-se por meio de bares, boates, pequenos hotéis à beira das estradas, motéis, postos de gasolina e prostíbulos.                   Ademais, de acordo com a FUMEC, 59% são chefes de família e devem sustentar sozinhas os filhos, 45,6% tem o primeiro grau de estudos e 24,3% não concluíram o Ensino Médio. Logo, elas apresentam um baixo nível de escolaridade, o que significa que quase 70% das mulheres prostitutas não têm uma profissionalização, o que as "obriga" a se submeter a tal prática. Dessa forma, além da degradação física e moral que provoca, tanto individualmente quanto socialmente, a prostituição é um dos maiores sistemas usurpadores de vida.  No Brasil a prostituição leva a diversos problemas sociais, como: abuso de menores, exploração sexual, disseminação de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e aumento de casos de aborto. Destarte, ainda é importante frisar que a banalização da prostituição leva a problemas psicológicos irreversíveis, como hiperatividade sexual, estupros, pedofilia e a mais sutil e perigosa banalização da mulher na sociedade.                   Portanto, é preciso que os Governos Estaduais lancem um programa em parceria com o Ministério Público e instituições educacionais profissionalizantes, criando oportunidades de cursos técnicos população de baixa renda para que haja mais mão de obra especializada. Também, é necessário que o Ministério da Cultura juntamente com ONGs de envolvimento social, crie políticas públicas de conscientização sobre as consequências de tal prática e suas implicações sociais.