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Enviada em: 13/10/2018

No livro "O Cortiço", escrito por Aluísio Azevedo em 1890, uma das maiores obras do Naturalismo brasileiro, há a presença de duas personagens, a saber, Léonie e Pombinha, que enriqueceram com a venda de seus próprios corpos em atos sexuais. Porém, analisando a realidade nacional, poucos são os profissionais do sexo que conseguem a fama e o prestígio relatados na ficção determinista, restando à maioria, principalmente às mulheres, somente a miséria e o ostracismo. Tais condições deploráveis são decorrentes das desigualdades sociais vigentes no país, bem como da objetificação do corpo feminino causada pela cultura machista nacional. Portanto, é necessário analisar essas questões, para que, assim, propostas sejam sugeridas para sanar a problemática da prostituição na nação brasileira.       Mormente, é notório salientar que uma das principais causas para a ocorrência das condições miseráveis de trabalho das meretrizes é a intensa desigualdade social presente no país. Essas diferenças são causadas pela displicência do Poder Público, que não investe corretamente em educação nas regiões mais pobres, o que faz com que os habitantes desses locais não tenham qualificação profissional para serem empregados em ocupações formais. Como consequência, indivíduos acometidos por essa situação, veem na prostituição uma oportunidade de garantir o sustento próprio e da família, o que, na maioria das vezes, não é a saída da pobreza, mas sim a sua manutenção. Isso é demonstrado por uma pesquisa da Fundação Mineira de Educação e Cultura (Fumec), em que 55% das profissionais do sexo necessitam ganhar mais para ajudar na renda da casa.       Outrossim, é imprescindível ressaltar que a cultura machista predominante no país é responsável pela persistência do impasse da prostituição na sociedade nacional. Tal pensamento faz com que ocorra a objetificação da mulher, que é tratada somente como um mero artigo utilizado para satisfazer as necessidades eróticas do homem, retirando a subjetividade feminina e subjugando-a às vontades do indivíduo tratado como possuidor. Em decorrência dessa visão preconceituosa, muitas agressões, sejam elas físicas, psicológicas ou sexuais, são realizadas contra as meretrizes em todo o Brasil.       Destarte, visto que a prostituição no Brasil perpassa por questões deploráveis decorrentes das desigualdades sociais e da cultura machista, é necessário que medidas sejam tomadas para humanizar essa ocupação no país. Primeiramente, é necessário que o Ministério da Educação, em conjunto das secretarias de educação municipais e estaduais, invistam em educação básica e profissional nas regiões mais pobres, com o intuito de diminuir as desigualdades e fazer com que os indivíduos saiam da prostituição. Além disso, o Ministério da Cultura deve realizar campanhas contra o machismo, de forma a conscientizar a população sobre o assunto e dar uma vida mais digna às mulheres brasileiras.