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Enviada em: 11/10/2018

Investimentos estatais básicos permitem promover dignidade civil aos mais diversos grupos sociais. Porém, contrariando a sofisticação de um discurso legal que em tese asseguraria essas chances, o cenário de condições humanas para a comunidade que usa a prostituição para ganho financeiro no Brasil mostra-se extremamente comprometido, o que se deve a fatores como negligência acadêmica estatal e cidadania frequentemente frágil.      Primeiramente, restringem-se as possibilidades de um processo  cidadão eficaz quando toda uma estrutura organizacional não atende às demandas específicas da sociedade. Desde a falta de reconhecimento da liberdade sexual até um distanciamento estatal das questões que envolvem parcelas que buscam recursos financeiros por meio da prostituição  - por às vezes negligenciar métodos considerados não trabalhistas - a invisibilidade seletiva e o preconceito dificulta a absorção dessa minoria aos direitos individuais e a comunidade em que vive. Como resultado, nota-se a crescente marginalização, dificultando, assim, sua sobrevivência em um mercado de trabalho competitivo, enxuto e excludente.       Em outra análise, percebe-se que a fragilidade do exercício e do reconhecimento da cidadania dificulta a afirmação dos direitos humanos a tal parcela de indivíduos. Segundo o filósofo Kant, as coisas tem seu valor, o homem, porém, tem dignidade, de modo que possa usufruir de todos os bens que garante a constituição. Seguindo essa linha de raciocínio, nota-se que quando tal pensamento é negligenciado, reflexos  negativos são observados na sociedade, principalmente quando se trata de distúrbios psicológicos. Como exemplo, dados da Associação de Profissionais do Sexo de Picos-PI afirmam que mais de 60% das agressões são de fatores psicológicos, na qual a agressividade e a violência fincam suas raízes.        Evidenciam-se, portanto, significativas dificuldades de inserção dos profissionais do sexo em diversos processos que deveriam assegurar sua formação e sobrevivência. A fim de efetivar sua oportunidade acadêmica e trabalhista, poderes municipais, estaduais e federais devem agir de modo conjunto na consolidação de garantias e direitos de tal setor por meio de orientação psicológica, proteção física, legislações que promovam a atuação e a liberdade dessa parcela, afim de afirmar seu exercício em um sistema democrático. Aumentam assim as chances de se alcançar uma cidadania pragmática e realmente legítima e plural que permita a todos participantes da sociedade orgulho do seu pertencimento social.